Simpatizo com o Miguel Sousa Tavares. Não o imagino particularmente simpático mas simpatizo com ele. Para vos ser completamente franco, tenho-lhe até um respeito que não estou a habituado a sentir por pessoas que não conheço. E sim é verdade. Estou no Facebook porque os outros estão. E se calhar, infeliz de mim, por algumas das “razões inconfessadas” que ele enumera. Mas adiante, nem tudo tem que ser assim tão mau. Conheci o Fernando Pereira através do Facebook. Do seu perfil cheguei ao site e do seu site à sua vida. Agendei uma marcação e fui conhecer o seu espaço – a SuMisura. Confesso-vos, sou um bocado desequilibrado com contas. Sou poupado numas coisas e esbanjador noutras. Curiosamente, ao contrário do que se podia supor, sou particularmente sovina com a roupa. Daí que, quando entre num espaço como a SuMisura, o faça com um misto de curiosidade e desconfiança. Já o disse aqui. Não ligo muito a marcas, ou por outra, ligo a muito poucas. E às vezes, quando entro em certas lojas, tenho vontade que me expliquem o preço das coisas. Sim, porque eu presto atenção aos preços. Tenho noção que, socialmente falando, é dos atributos menos sexys que se pode exibir mas, muito sinceramente, não há nada que me apeteça fazer a esse respeito. Não estou disposto a pagar 6 euros por algo que posso comprar por 5. E quando me pedem 6 euros por um serviço que outro tipo me presta por 5, das duas uma, ou alguém me explica porquê ou vou falar com o outro tipo.
Na SuMisura as explicações não são uma mera figura de estilo. Elas existem mesmo, à séria. Foi das coisas que mais gostei no Fernando; falou-me em tecidos, pontos, pespontos, costuras, cortes e entretelas. Falou-me em ingleses, italianos, roupa que se confunde com a pele e trapos que duram eternidades. Explicou-me porque é que há fatos que custam x, casacos que custam y e porque é que uma camisa de fio retorcido é a mais suave e resistente. Explicou-me tudo. Falou-me dos grandes Alfaiates, das grandes casas. Do Lourenço & Santos, do Pestana & Brito, do Rosa & Teixeira, das minhas queridas criações do Homem, de como cada uma delas apareceu e de como cresceram. Falou-me de teares, de casacos estruturados, da gramagem dum fato, da fibra, da espessura da fibra, do fio e do número de torções que aplicam a um fio. O Fernando respira tudo isto. E esse, quer se queira quer não, é o maior segredo de qualquer projecto. E este tem um princípio muito simples. O cliente não escolhe. O cliente cria. O Fernando está lá para ajudar
31 comentários:
este é o verdadeiro alfaiate. poético.
Leonor
EPIC!! Gosto deste alfaiate! abraço JVC
Identifiquei-me imenso com o início de texto. Também admiro imenso o Miguel Sousa Tavares, e também acho que não deve ser uma pessoa muito simpática. E tenho uma perspectiva idêntica quanto a roupa e quanto a gastar dinheiro.
De resto, adorei a descrição e fiquei muito interessada em conhecer o espaço.
E o que é que o Miguel Sousa Tavares tem a ver com o Fernando Pereira e o seu Sumisura? Por acaso não admiro nada o MST, acho que fala com desdém das coisas e das pessoas, é snob e cínico. Já o Sumisura é um espaço de bom gosto e classe, onde o cliente se deve sentir um rei. Não é acessivel a todas as bolsas mas o que é bom e bonito, geralmente não é barato.
Informa-te melhor sobre as melhores casas de alfaiates!
luis santos
A introdução do MST está relacionada com o facto de ele ter escrito um ou mais artigos contra o facebook. Penso que o Alfaiate se refere a isso quando escreve que conheceu o Sr. Pereira no FB.
Ah, ok. Aliás se formos a ver o MST escreve artigos contra tudo e todos menos contra o Futebol Clube do Porto e o Pinto da Costa, a caça, as touradas e o fumo dos cigarros. Coisas muito de homem portanto, com resmas de testosterona!
Belos Alfaiates! Ambos.
Estas novidades virtuais, que a sociabilidade virtual e informática coloca à nossa disposição, fazem-me lembrar os tempos em que os grandes Descobridores levavam o tempo a espreitarem-se uns aos outros, para sulcarem também os vastos Terrenos estendidos ao redor de todas essas grandes descobertas – de tal forma que o amigo Cristóvão Colombo até quis atalhar o Atlântico, com o propósito de chegar mais depressa às terras do Japão, e acabou por dar de caras com as Terras Novas das Américas. E por vezes essas guloseimas acabam por funcionar como o trabalho de muitos bons Alfaiates deste mundo: a fatiota que hoje está na moda passa a ser um mono de um momento para o outro – que o diga o hi5, ou todas essas farpelas que estiveram na moda e que sentiram na pele os cortes profundos das tesouras destinadas a uma Costura menosprezada e difamatória... Valha-nos o ponto cruz nas bainhas!
Saudações, e que as casacas sintam os Cortes do povo!
Adoro ver homens de fato, mas com um bom fato, que lhe assente como uma luva. E vê-se tão bem quando isso não acontece...
parabéns por ter aparecido na Vogue portugal (: it's an accomplishment to portuguese blogs! very stylish
... que se lixe o MST, de quem tenho todos os livros e mais alguns que ele escrever... o Sr. Fernando Pereira tem muito bom aspecto e estilo e se percebe de roupa tanto melhor... quem sabe sabe e mais nada e o Sr Fernando Pereira parece-me muito bem! Adoraria ser atendida por ele! Quando sou bem atendida, sou até capaz de levar a loja comigo. Adoro que me dêem atenção quando entro numa loja. Adoro os teus textos, Alfaiate!
e do Atelier des Createurs não falou? quando voltar a trocar impressões com ele, puxe pela dica.
Upsss! E os ombros do blazer do Fernando Pereira do Sumisura?????? Bolas!!!
Concordo com a Isabel.
Que raio faz aqui a referência a MST? Ok, é a ponte para o Facebook e dele para o Sr. Fernando Pereira.
Mas achei forçado e desnecessário.
MST? Blhac.
SuMisura? Yey!
Eu gostei da introdução do FB e do MST. E vou fazer uma marcação com o Sr. Pereira!
Fui ao site somos vizinhos! Vou lá espreitar=) Obrigado pela dica alfaiate!
Rodrigo Oliveira
Gostaria de ser muito frontal.Para alfaiate estamos mal de fato, snõ vejamos os ombros:errados, o comprimento das mangas: errado. Assim não há diferenciação para um pronto a vestir de qualidade. Ah, talvez a retórica...
Sr. Pedro olha diga lá o que é que está mal nesse fato? Os ombros? mas aponte lá porque não estou a ver, para mim parecem bem. E o comprimento das mangas? sim, parece estar um nadinha comprido, mas a posição e postura corporal não são as melhores. Por favor destrince lá esses comentários porque não estou a perceber essas criticas e comparação com "pronto-a-vestir" de qualidade.
Gostar ou não gostar é uma coisa, mas falar como entendidos... Quando não se percebe de "trapos" mais vale estar calado. Acontece a muito boa gente não saber a diferença entre gosto e conhecimento.
Gostar ou não gostar é uma coisa, mas falar como entendidos... Quando não se percebe de "trapos" mais vale estar calado. Acontece a muito boa gente não saber a diferença entre gosto e conhecimento.
E a Piccadilly? esqueceram-se? Esses sim são os melhores alfaiates.
Antes de mais agradeço o feed-back.
Não sou nenhum entendido, ou se calhar até sou;-), mas vamos ao que interessa Sr. ou Sra. anónimo(a): O ombro ideal deverá ser o mais natural possível e as tendências apontam para um ombro pouco almofadado e que acompanhe a minha vertical do braço e não "sair" desta linha imaginária. Vê-se o horror quando se levanta o braço. A altura da manga deve permitir ver um pouco de camisa (dois centímetros por ex) o que significa que a camisa deveria "bater" onde bate o casaco. Comparem com a fotografia em causa. Permitam-me uma analogia. Neste triste caso vemos um condutor de Formula 1 que gosta de ser fotografado no seu Maybach (insonso, ostentatório quando pretendia ser excitante e elegante). Aproveito para recomendar um pouco de contenção no tom de ódio dos comentários. Não me apresento como entendido mas também tenho direito a ter uma opinião sobretudo se esta opinião não colide com a liberdade do próximo. Ah e já agora os três botões...Bem por hoje já chega.
Sr Pedro já vi que percebe muito mas é do que lê por aí! Vou lhe explicar, o ombro é feito assim a pedido, o que o senhor fala é um ombro destruturado ou à "napolitana", e isso é apenas opção do cliente final; para se obter esse objectivo podemos não colocar a dita ombreira ou então reduzir-lhe no estofo e torna-la mais fina. Há quem aprecie o arredondado na cabeça da manga e para isso até há quem aplique uma manga embutida. Já quanto ao comprimento replico o que já lhe disse, e afinal concorda comigo se está curta é um nadinha, e a pose não é a melhor. Para se avaliar se a manga está longa ou não, deve-se ter o corpo bem colocado, o braço na posição natural esticado, e não nessa pose, de galã e mão no bolso. Já agora quer dicutir entretalamentos? é que também isso é uma opinião pessoal do cliente, e não deve ser tomada como correcta ou incorrecta. Pelo seu gosto quanto à forma do ombro, o senhor é fã de casacos termocolados (espero que não) ou com entretelas finas com supless bem ao estilo afrancesado, no entanto se o senhor se cruzar com um alfaiate mais britanico vai sentir que estar a vestir uma armadura tal é a rigidez da entretela aplicada, reforçada com crina de cavalo. O mesmo se aplica aos e botões meu caro, é uma questão de estilo, eu também prefiro os 2 botões, mas que fazer contra o gosto pessoal de outrem?
corrigo "concorda comigo se está comprida é um nadinha"
abr
Ó meu caro AC! Termocolado é um insulto ao sartorialista que há em mim :-) ahahaha
Podia-mos estar aqui dias...
Lamento se estou a repetir-me mas a pose é um pouco desculpa... A manga está comprida e pronto. E estou disposto a apostar que aquele braço se levanta uns miseros 10 graus temos uma nova pala do saudoso estádio José de Alfaiate! O ombro, mesmo sem ser à italiana não se quer tão "destacado" desculpe-me lá... Voltamos ao pronto a vestir de qualidade e à alfaiataria. No meu entendimento esta é uma das diferenças. Mesmo que o cliente não destinga bem as ombreiras quer uma porta decente! É por isso que procura o melhor que a alfaiataria tem para aferecer e não a rectórica do detalhe técnico... Desculpem-me as analogias mas eu sou um pouco analógico. É o caso dos botões do punho com as casas a funcionar. mesmo que eu queira ou não ter um botão aberto eles têm de lá estar. Ou seja os principios da alfaiataria têm de lá estar. Mas quem sou eu para entrar em detalhes técnicos? P.S. No meu entender a crina é fundamental e estou em crer que não é propriedade de nenhuma corte, digo eu, humildemente.
Agradeço a cortesia de me ter respondido e desejo-lhe boas compras de camisas que essas é que são um problema:-)
Estraguei tudo com o "podia-mos".
Não sou digno deste Blog e nunca mais voltarei tamanha é a vergonha!
Pedro, mas com esse último comentário acabou por subir muitos pontos :)
Camisaria por medida também é coisa que não falta hoje em dia! Mas há quem fabrique muitos sacos de batatas, lá isso há!
Para mim aquele espaço (uma suposta cave), aquela loja SuMisura e aquele meu GRANDE primo Fanã (Fernando Pereira). Sinto-me realmente orgulhosa por entenderem o quão fabuloso ele é!
Bravos tantos curiosos, a falar do que não sabem, mas é melhor falarem, que não o fazerem, a alfaiataria, é uma arte e para falar de arte é preciso saber alguma coisa e a provar é que nenhum alfaiate consegue fazer dois fatos precisamente iguais, é como falar de um quadro do Picasso sabem como fazê-lo?
Eu alfaiate me confesso
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