quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Adoro esta miúda

Sara

Porquê? Sei lá porquê. Foi o Gonçalo quem reparou nela primeiro. “Olha Zé” disse-me ali na Manzoni. Estivemos à conversa e percebemos logo que algo de engraçado havia com ela. São pequenas merdinhas pelas quais se dão conta. Pequenas coisas que importam. Podemos dividir as pessoas de mil e uma formas. Pela altura, largura, tom de pele, tamanho do pé, do peito ou do peito do pé. Podemos dividi-las pelo coração, pelo humor, pela propensão para a parvoíce ou pela sua inclinação para a estupidez. Mas podemos dividi-las também pelas perguntas que fazem. Eu costumo dividi-las entre as que perguntam por aquilo que conseguimos e aquilo que gostamos. Divido-as entre as que me perguntam de onde venho e quem sou. Divido-as entre as que me perguntam o que consegui com este blogue e as que querem saber o que sinto por ele. E a Sara, num date, ou numa festa qualquer... imagino-a a perguntar-me, não pelo meu lugar na hierarquia do banco onde trabalhava, mas pelo meu filme preferido. Não pelos meus conhecimentos junto deste ou daquele mas pelos meus maiores disparates de infância.
Se calhar é disso mesmo que sinto falta. Sinto falta que me perguntem pelo filme preferido. Sinto que as pessoas já não querem saber qual é o filme preferido. Mas sinto que, se houvesse contexto para isso, teria sido por ele – pelo meu filme preferido – que a Sara haveria de ter perguntado.

Hoje estou-me bem a cagar para o que quer que a Sara traz vestido. Não estou sequer a prestar atenção ao facto da Sara – nos últimos dois anos – dedicar uma tarde por semana a aulas “de corte e costura”. De se considerar filósofa mas ter como objectivo ser artesã e confeccionar tudo o que veste. E de me dizer “não percebo, vivo na cidade da moda e todos me parecem tão parecidos com os outros”. Mas neste momento nada disso me interessa. Se querem ver o que tinha ela vestido terão que vir aqui. Porque deste lado tudo o que me interessa é a certeza que, se houvesse contexto para isso, ela ter-me-ia perguntado – não pelas mil merdas que me andam a perguntar há anos – mas por aquilo que já ninguém pergunta. Pelo meu filme preferido

Sara (2)



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38 comentários:

Anónimo disse...

Love it :)
Pedro Garfo

ana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
HM disse...

Vá, calma, respira fundo.

Qual é o teu filme preferido?

Anónimo disse...

Cinema paraíso?
:)
Beijinho
MQ

Sof disse...

Muito bom! É de todo verdade tudo o que escreveste.

salto para a lua disse...

e eu adoro o autor deste blog. mas ele não me liga nenhuma.

excelente trabalho, excelente escrita!

Cristiana Nunes disse...

Gosto muito do look e do carisma!

Anónimo disse...

girissima.

dg disse...

gosto quando escreves (e gosto ainda mais do facto de que o tens feito bem e muito nos últimos posts). boa! excelente a ideia de "dividirmos" as pessoas. é mesmo assim. um abraço, dg

Pats disse...

Adorei! Subscrevo completamente.

À muito tempo que não encontro ninguém realmente interessado em algo que não sejam futilidades ou simples cusquices. E isso é realmente muito triste.

anónimo disse...

Gosto muito de ver/ler o seu blog, mas há que dosear os palavrões. Ocasionalmente fica bem, mas em excesso fica muito forçado.
De resto, continue o bom trabalho :-)

Ana A. disse...

Alfaite Zé:
Qual o teu filme preferido? E porquê?
Queres ir ao cinema um dia destes?

Margherita disse...

Qual é a tua música preferida, Zé?

Heriwen disse...

Zé... qual é a tua música favorita?

Sílvia Silva disse...

é por isto que eu gosto do teu blog. não apenas pelas fotografias, mas porque parece que escreves como sentes. muito bem!

Anónimo disse...

Um bom começo seria perguntar-lhe, a ela, qual o seu filme preferido. Não deixe de o fazer e tenha atenção à resposta. Há coisas e momentos e pessoas que não se podem adiar.

stantans disse...

agora se não responderes qual é o teu filme preferido não vale...

Alice disse...

é verdade que já ninguém pergunta, já ninguém quer saber qual o filme favorito, ou a música, ou o sítio –aquele sítio. A verdade é que, infelizmente, já pouco importa saber o que gostas, importa sim saber o que tens. é pena.

Bom post, boa foto – como sempre :)

S.

Anónimo disse...

Adorei o desabafo...realmente muitas vezes não perguntamos como se sentem as pessoas que estão atrás de uma objectiva ou de um balcão, seja de que coisa esteja atrás...apenas não perguntamos..é inato!
E sim, adorei o facto da roupa retratar tão bem a sua personalidade, como uma tela!

Anónimo disse...

Império do Sol?

Sergio

MLV disse...

A miúda tem pinta, sim senhor. E então aquele ar algo tímido fica-lhe a matar.

Anónimo disse...

Olá a todos!
É bom libertar a alma e, tal como fez o Sr. Alfaiate, vejo por aqui muitos desabafos.
Os meus amigos e eu gostamos de trocar ideias e 'dissecar' essas ideias. Às vezes a partilha tem que partir de nós próprios, para que os outros (sejam estes ou aqueles) possam entrar no nosso universo.
Está sol e é muito bom!
Marisa

Anónimo disse...

já é a segunda vez que ouço falar dos palavrões nos textos deste blog! qual é o problema? as pessoas expressam-se da maneira que acham confortável e conveniente. agora não me venham dizer que dizer asneiras é feio! cada um fala como quer.

O Ramalhete disse...

qual é a tua fruta preferida?

POC disse...

O filme preferido desta miúda é, sem dúvida, o Balas e Bolinhos. Está na cara.

http://simaoescuta.blogspot.com

Mertxe Hernandez disse...

Fabulous coat.
http://mertxehernandez.blogspot.com/

Anónimo disse...

Deixo aqui o meu apreço pelo post e pelo texto, principalmente, pelo texto. Foste-me sugerido pela minha filha e ganhaste a visita, quase diária, de uma quarentona.

Stela ALVES disse...

Adorei o corte de cabelo dela.
Street Style by Stela

Nessuno disse...

Sempre adorei esta miúda. Não me posso queixar de falta de miúdas que me perguntem o meu filme favorito, mas percebo o que queres dizer. Por fora ela parece perfeita. Está atenta ao detalhe e isso revela um traço muito valioso da sua personalidade. na realidade é interessante como consegue a deixar a descoberto uma parte tão importante de si, não perdendo o seu charme.

um dia talvez me cruze com ela =)

Anónimo disse...

Nota-se que tem orgulho no que escreve, por isso é pena ter erros no texto. Dica:

http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=3435

MJR

Gonga disse...

Deixa lá MJR. O Saramago é prémio noble e desse nao te queixas tu :)

Luisa T. disse...

Gosto imenso dos teus textos, nao paro de clicar em "mensagens antigas".
Adoro a simplicidade e naturalidade das fotografias.
O blog está incrível, sem dúvida!

Sol disse...

Zé, adoro o seu blog! Vejo sempre mas não comento muito. Agora que você está escrevindo adoro mais! Lindos fotos e excelentes textos que me ajudam a practicar o meu português!

Muitos beijos de Argentina!!!

António Prates disse...

A elegância levada ao extremo numa tarde de descontracção e de folga; quando a claridade dos rostos ocultam uma imensidão de passagens e de crónicas dos anos do quase tudo e do rock and roll. Bonitas bicicletas tem la rue Bonaparte. La santé!

Poeta Aprendiz disse...

Existe uma Sara em Paris. Li, algures, que se preocupa com a Moda e com o que veste. Mas não se limita a seguir as tendências do Verão/Inverno. Para ela a Moda é uma forma de expressão, uma maneira de marcar a diferença, de mostrar quem ela é de facto. Pelo que me contaram simpatizei com ela. Pareceu-me uma pessoa curiosa. E a curiosidade ainda é um dom, um talento. São os curiosos que procuram saber mais. Acerca das coisas importantes, acerca das coisas que, teoricamente, nada interessam. Mas que, no final de contas, serão talvez as que mais nos tocam.

Talvez pudesse achar graça à Sara de Paris. Mas o problema – ou não – é que já existe uma Sara em Lisboa. Também se preocupa com a Moda. Ousaria dizer que ela é a Moda. De um jeito único, muito seu, combina a peça de roupa x com a y e a fórmula dá sempre certo, como se todas essas peças tivessem sido criadas apenas para ela. Para ela lhes dar o devido brilho e o devido encanto. Dizem que tem “cara de chapéu” porque o dito adereço, seja ele de que tipo for, se encaixa, como tudo o resto, na perfeição.

Também ela é uma curiosa. Basta olhar para os seus olhinhos sempre a perscrutar tudo e todos. Por vezes fitam o horizonte como quem quer saber o está lá adiante. No tempo e no espaço. Nesses momentos, de curiosidade, franze os olhos, encolhe o nariz, uma multiplicidade de expressões e caretas que, tal e qual como os adereços, são suas e fazem sentido por serem suas.

À partida poderíamos dizer que a Sara de Paris e a Sara de Lisboa são parecidas. Quase que me atreveria a dizer que se dariam bem, se se conhecessem. Até as imagino a passear, às compras, nos Campos Elísios, na Fifth Avenue ou num shopping qualquer em Portugal. Numa competição, saudável, para ver qual ficaria mais elegante.

A diferença entre as duas – e que grande diferença – é que o meu coração bate descompassadamente pela Sara de Lisboa. Quando a vejo, quando a ouço, quando a leio. Quando me olha, quando me sorri, quando chora. Quando me ralha, quando me ouve, quando me abraça. Quando está ao meu lado, quando está longe, quando sonho com ela.

A dita Sara de Lisboa é o meu Amor. Mesmo que ela finja não acreditar nestas palavras, acredito – ou quero crer – que ela, lá no fundo, sabe perfeitamente que essa é a maior verdade da minha vida. Que este é o Amor mais sincero, genuíno e verdadeiro da minha vida.

Não se trata de Moda ou de elegância. Não se trata da curiosidade que demonstra ou as perguntas que faz. Não se trata de simpatizar ou não com o que me diz. É Amor. Não se questiona, não se julga, não se analisa. Sente-se…

A Sara de Lisboa – a minha Sara – é mais elegante do que a de Paris (porque a Amo). É mais bonita do que a de Paris (porque a Amo). É mais divertida do que a de Paris (porque a Amo). E faz-me feliz. Não apenas porque a Amo, mas porque é mesmo uma pessoa muito, muito especial.

Não sei se gostaria de conhecer a Sara de Paris. Porque, por mais interessante, elegante e simpática que possa ser, não tenho espaço para mais Saras, Alices, Sónias, Anas ou qualquer outra mulher. O meu coração está ocupado, preenchido, fechado e barricado. Como se diria num filme western – que não será certamente o meu preferido – o meu coração é pequeno demais para duas Saras. Ou então, talvez mais correcto, o meu Amor pela Sara (de Lisboa, claro) é grande demais para o meu coração.

Unknown disse...

Esta a ler a lista de comentários, para ver quantas pessoas teriam perguntado pelo teu filme preferido. Mas, confesso, foi algo que alguém disse que me prendeu (sem desprimor pelo teu bom trabalho): " Há coisas e momentos e pessoas que não se podem adiar."

Bons leitores e bons conselhos!
Já agora, foi um prazer conhecer-te. Foi num dia destes, numa discoteca destas, enquanto um amigo te entrevistava. =)

Edson disse...

Pergunto-me se algum dia alguém me perguntou isso! E pergunto com uma triste resposta na ponta da língua: Não!


Belo texto!<3

Anónimo disse...

Adorei as palavras! Mesmo após uma ano, a realidade mantém-se!
Uma vez, umas amigas, perguntaram-me "como foi possível passares 5horas com um desconhecido, a deambular pelas ruas de Paris?" Tão fácil a resposta " deambulei feliz..a falar dos meus gostos, das minhas curvas, dos meus desejos, das minhas ilusões, das minhas crises...sem preconceitos, sem medo. Sem saber de onde eu vinha, quem eu era, de onde ele vinha, quem ele era! Simplesmente foi possível, foi encantador e anseio por uma próxima vez...