Fora de tempo. Tinha lá estado sempre fora de tempo. Em Agosto o calor aperta, mata, resseque. O clima continental torna o pico do Verão insuportável e, como em qualquer metrópole longe do mar, a cidade morre. Há supermercados que fecham e, por mais estranho que pareça, alguns hotéis também. O elemento água é praticamente inexistente. Se o mar está longe, rio é coisa que também não existe, restam três canais abertos faz séculos (incapazes de nos hidratarem o corpo ou o espírito) e o sol insuportável que parece derreter o alcatrão. Não tem fama de bonita e não o é no mesmo sentido de tantas preciosidades italianas mas sobra-lhe imponência, sobriedade e cosmopolitismo. E foi isso que encontrei em Maio que me tinha escapado tantas vezes em Agosto. Essa cidade cosmopolita repleta de milaneses sofisticados mas pouco simpáticos na sua aparência. Que nos tiram a medida ao cabelo, ao tom da pele, ao corte do casaco, à cor das calças e ao que trazemos calçado mas que, só se os convencermos que merecemos, nos oferecem um sorriso. Para mim, a grande diferença entre os italianos e os demais a vestir é a linha ténue que faz de um determinado acessório um artigo essencial para uns e algo perfeitamente supérfluo para outros. E isso nota-se desde cedo, como um traço cultural presente entre todos. Homens, mulheres, ricos e menos ricos. É raro o puto que não traz uma pulseira, um colar, uma fita no cabelo ou um lenço no casaco que não fosse perfeitamente dispensável por um miúdo inglês, português ou francês. A aldeia global não dá margem para diferenças marcantes no que diz respeito ao traço estrutural dum padrão de beleza, de estilo ou do que quer que seja. Por isso restam-lhes os detalhes. E é nos detalhes que estes tipos marcam a diferença. Eles e elas. Até porque se me permitem, Milão lembra-me uma cidade ao som daquele velho slogan do Sr. Azzaro, “para homens que gostam de mulheres que gostam de homens”. E quando penso nisso, lembro-me de quem encarnaria na perfeição esse papel de dandy. O Luigi, num desses Agostos que passei ao engano por Milão. Já Maio deixa-me saudades, e pelo que vejo, à Camilla também
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
14 comentários:
...e Milano sentirà la tua mancanza! Torna sempre, sei benvenuto!
Alfaiate,
Só falhou teres cortado os pés desta Bella Donna!
Concordo inteiramente! Os sapatos num(a) italiano(a) faz também a diferença. Aposto que eram lindos!
Parabéns pelo Blog!
Só o nosso alfaiate é que descobre estas beldades. Que bonita!! Adoro o sorriso!
ALFAIATE: Muitos acreditam que o talento é uma questão de sorte, mas poucos sabem que a sorte é uma questão de talento.
VOCÊ TEM TALENTO (MUITO),
SENÃO QUE RAZÃO LEVARIA A UMA ESPANHOLA QUE NUNCA ESTEVE EM LISBOA VIR CÁ TODAS AS SEMANAS.
eheheh grande descrição de uma cidade que nao dorme! Já tinha saudades desse Luigi! um abraço a todos. JVC
Tenho a certeza de que é uma cidade em que havias de te dar bastante bem! Naquele primeiro inter-rail lembro-me de ficar completamente fascinado com a pinta de algumas pessoas que via nas ruas... um dia destes a ver se volto, desta vez sem mochila às costas... Belas fotos, e muito bons textos, estes dois últimos! Abracos Andre B
ps: estes três últimos!:) Andre B
Adorei as meias!
E fiquei super curiosa em relação aos sapatos! :p
Grandes fotos em Milão!
camila, que nome liiiindo :P
Os italianos são extremamente elegantes e charmosos
mas os blogues portugueses são os mais criativos, poéticos e interessantes do mundo.
Sinto meus antepassados terem vindo para o Brasil e eu ter nascido aqui, em um país riquíssimo mas perdidamente corrupto e permissivo.
ray-ban 4105?
O timbre das pernas é simplesmente delicioso
Mto bonita
kiss
Enviar um comentário