Às vezes perguntam-me “não estás farto de trabalhar na Terrugem?”. Encolho os ombros, solto o impropério da praxe e lá respondo que gosto da terra (do “boa noite” instintivo que troco com quem me cruzo na rua depois de o sol se esconder, da boné que salta da cabeça daqueles velhotes que acenam “como vai Sr. Zé?”) mas que, para quem tem 30 anos e a vida por sua conta, “não é o sítio mais excitante para passar os dias”. Quando comecei o Alfaiate achei que trabalhar nesta simpática localidade podia inviabilizar um blogue dedicado a Lisboa. Até à data tenho mostrado a mim mesmo que estava enganado; só não sei por quanto mais tempo…
Quando olhei para a Rute e para a sua presença tão light naquele baldio imenso lembrei-me daquelas produções da Lacoste (onde os modelos aparecem suspensos no ar) e pensei “era lindo um salto”. Guardei para mim o pensamento mas ela deve-mo ter lido nos olhos pois perguntou-me entusiasmada:
- Quer que eu salte?
Não sei é o retrato mais fiel da terra onde trabalho mas é seguramente o mais descontraído e fresco que lhe conheço. A Rute agradeceu, pode ser que a Terrugem também