terça-feira, 29 de junho de 2010

A Marcela, o vestido da Marcela e o Fabrico Infinito

A Marcela, o vestido da Marcela e o Fabrico Infinito

Já ali tinha passado milhares de vezes mas nunca me deu para fazer mais que olhar. Bonito e sofisticado sem dúvida mas não me chegou a despertar curiosidade suficiente para lá entrar. A questão é que para mim, o melhor e mais inusitado de tudo está lá atrás no jardim. Não dá para acreditar. Há espaços onde nos dá aquele sobressalto saloio de exclamar “nem parece Lisboa!”. Ali é diferente. Quanto cheguei ao jardim, olhei para o baloiço e para o escorrega (que nos deixam com a sensação que bem podiam estar num museu) e dei-me conta que por mais impressionante que fosse a cidade do mundo onde estivesse sentir-me-ia sempre meio estupefacto por encontrar um sítio assim. E quando tentava encontrar um adjectivo para tudo aquilo houve alguém que me propôs (em jeito de quem completa a frase do outro) “é mágico”. E eu, meio incomodado por ter sido apanhado na parolice de quem preferia mostrar-se menos impressionado do que realmente está, lá assumi com relutância em jeito de quem encolhe os ombros:
- Epá sim…é mágico é…
E é mesmo. Sorte a minha que a proprietária rima com o sítio e eu… e eu ganhei mais uma linda visão no meu blogue

domingo, 27 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O casaco desportivo

O casaco desportivo
O casaco desportivo
O casaco desportivo

Não são apenas os conceitos que se demonstram mutáveis e dinâmicos. A visão que deles temos também. E a minha perspectiva sobre o casaco desportivo é hoje bem diferente daquela que tinha há meia dúzia de anos atrás. Olhei em tempos para ele como um barroquismo supérfluo de quem o vestia. Como o tipo que adiantava parte do conjunto de segunda-feira para a tarde de Domingo ou então, pior ainda, que o antecipava para as noites de sexta ou de Sábado. Mas aquilo que vestimos não é apenas um exercício livre sobre como cobrir a pele. A nossa indumentária carrega consigo um conjunto de signos e símbolos que, goste-se muito ou pouco, serve de plataforma de comunicação com quem nos cruzamos. É aquilo que à luz de Durkheim se apelidam de "factos sociais". Algo exterior ao indivíduo que se lhe impõe. Como uma norma colectiva que se lhe aplica independentemente da sua vontade. Quando uma marca concebe uma peça de vestuário não está apenas a proporcionar uma visão bonita a um potencial cliente. Vende-lhe uma imagem e um conceito e, por vezes, um sonho também. E a partido do momento em que compramos esse artigo, estamos a consumir o conceito, a imagem, o sonho e o que quer que seja que aquela peça incorpore. E isto tanto é válido para o vestuário como para a dermo-cosmética, tão certo para o mercado automóvel como para a restauração. Porque o que está em causa não é apenas o trapo que nos cobre ou o serviço que nos prestam mas também o ponto para onde estes nos transportam. O cartão de crédito platinado a condizer com uma tarde de compras na Seventh Avenue ou um restaurante em Mayfair, um creme de beleza de uma marca premium que não poderia estar sedeada noutra cidade do mundo que não em Paris, um descapotável a percorrer os mesmo Corniches onde a Grace Kelly filmou e morreu ou um casaco de Algodão a evocar a Marina de Portofino.

Num destes fins-de-semana eu e mais dois amigos saímos à noite no meu carro e quando parámos num semáforo junto a um outro cheio de miúdas um deles disse “quando vamos no carro do Zé as gajas nunca olham”. O terceiro lembrou que o carro desportivo dum quarto amigo que ali não estava era o maior de todos os chamarizes mas o mesmo amigo que destituiu o meu velho Fiat de qualquer capacidade afrodisíaca respondeu sabiamente:
- Não, o melhor para as gajas da nossa idade é a minha carrinha. Passa a imagem do gajo que quer assentar e constituir família.
Eu podia escrevinhar parágrafos inteiros a desperdiçar o tempo de quem aqui vem mas dificilmente conseguiria expressar a ideia tão bem quanto o João. Os conceitos e a visão que deles temos mudam tanto quanto o tempo nos transforma em frente ao espelho. Ontem um blazer far-me-ia sentir parolo e encontrava (como ainda vou encontrando) o patamar máximo dos encantos numa t-shirt decotada. Hoje, o tom coloquial com que trato a peça que dá o nome a este post, faz-me sentir mais senhoril e sofisticado. Posso juntar-lhe umas botas de sola de pneu dignas do mais suado ambiente rural, o toque juvenil dumas bainhas arregaçadas ou uma barba ranhosa demais para ser considerada aceitável por qualquer publicação masculina mas a verdade é esta; perante uma presença feminina ele (o casaco) faz-me sentir, não necessariamente mais velho (que esse predicado em si mesmo todos recusamos gentilmente), mas talvez mais sábio, interessante e charmoso ou qualquer outro atributo valorizado socialmente e geralmente associado a homens mais velhos que eu. E a sonhar todos temos direito. Não tenho 30 segundos de pachorra para a imprensa que me impinge constantemente os estilos e consumos de vida daqueles que têm extractos bancários incomparavelmente superiores aos meus mas eu próprio, embora feliz na minha mediania social, porque raio não terei direito de vestir um dia algo que me faça sentir na pele de um qualquer italiano ricaço? Fará da minha alma mais frívola que a dos demais? Já cantarolava o Jorge Palma: “Na terra dos sonhos podes ser quem tu és ninguém te leva a mal. Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual.” E esteticamente falando, neste momento preciso, a minha visão encantada da vida mete uma mesa em frente a uma corrente de água, fluvial ou salgada, com os tornozelos despidos e uma brisa de fim de tarde que se torna precisamente agradável, com o tal casaco desportivo vestido. E lá está, essa imagem descontraída mas sofisticada (de onde julgam que vem o mais que batido “casual sofisticado”?) lembra-me um argentino bem parecido em casa de quem passei uma noite no septième arrondissement que me exclamava “Pues mira (R)osé!”. E lá estava ele em frente ao espelho em plena preparação para uma incursão noctívaga com propósitos sociais muito bem delineados, a ajeitar um lindo casaco de linho e a repetir-se a si próprio como se convencendo da sua própria lengalenga:
- Joder tío… ahora sí, estás listo para ligar. Joder tío…ahora sí

quinta-feira, 17 de junho de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Francisco e a Parq



Não adianta estar aqui com tretas. Comecei a reparar a sério na Parq no preciso momento em que a Parq me fez saber que já tinha reparado em mim. É aquele velho processo mental (e tão humano) que nos leva a tratar de volta quem melhor nos trata a nós. À semelhança da sobredosagem de simpatia que passamos a sentir por alguém que nos faz um elogio sincero ou demonstra disponibilidade para nos ajudar, foi também depois de o Francisco me ter sugerido uma entrevista que comecei a ter mais vontade de folhear aquelas páginas. E curiosamente é aí que tudo começa, no toque. O toque é bom, a paginação e o design também. Mas verdade seja dita, de qualquer publicação dedicada à “moda e cultura urbana” – que podia ser só uma forma mais completa de dizer “estilo” (porque em bom rigor o estilo não termina naquilo que vestimos, é uma atitude genérica colada a um pressuposto estético segundo o qual orientamos comportamentos e desejos) – outra coisa não seria de esperar. Mas não é apenas o invólucro que funciona bem. O conteúdo também. O mesmo que rasga moda, arquitectura, design, cinema, música ou (qualquer outra forma de) arte e que retorna invariavelmente, qual circuito de um bumerangue, ao mesmo ponto de onde a moda o havia arremessado inicialmente. E curiosamente, até a publicidade que lá aparece se parece reger por patamares mais elevados de qualidade ou simples bom gosto (estou a exagerar? peguem na revista e logo conversamos). Mas para as idiossincrasias de muita gente esta publicação pode apresentar um problema sério – é gratuita. Brincadeiras à parte sabemos bem que parte significativa da população tem aquele estranho hábito de valorizar produtos e serviços em função daquilo que lhes é cobrado por eles mas, verdade seja dita, não me lembro de alguém ter arriscado um dia comparações entre a qualidade da Colecção Berardo e aquilo que (não) lhe é cobrado à entrada… A Parq é boa. Ponto. E está aí. Na Av. de Roma, na Expo, no Saldanha, em Alcântara ou no Chiado. Em lojas, cafés ou nos mais variados espaços de lazer ou cultura. Bem como no Porto, Coimbra, Aveiro ou Évora. E o Francisco Vaz Fernandes e quem com ele colabora só pode estar de parabéns. E a propósito Francisco…não te cheguei a dizer, mas não fui só eu que fiquei fã, a minha mãe também

quarta-feira, 9 de junho de 2010

segunda-feira, 7 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Valeu bem a pena






Fui da Estrela à Lapa para tirar esta fotografia. Num andar compassado, de quem vai ao sabor de quem caminha à nossa frente. Enquanto andava ria-me ao pensar na triste figura que era seguir alguém enquanto fala ao telemóvel à espera do momento certo para lhe sugerir uma fotografia. Mas não fossem estas figuras, que à luz da mais comum censura social me devem merecer os mais refinados escárnios e insultos, e tudo isto não teria metade da graça. É que a graça é mesmo essa, é fazer o caminho de regresso à Estrela onde deixei os meus amigos pendurados à espera e poder dizer-lhes:
- Não era preciso terem esperado mas já que o fizeram...asseguro-vos...valeu bem a pena

terça-feira, 1 de junho de 2010

Simples, suave e subtil

Suave e subtil. Simples, suave e subtil

Das noites quentes do Bairro Alto. Era das noites quentes do Bairro que me lembrava dele. E acho que não o via desde essas noites quentes de Setembro. Despertou-me a atenção o visual tão descontraído mas tão cuidado, tão básico mas tão vincado. Deve haver uma boa meia dúzia de pessoas com quem já me cruzei e sei que vou falar um dia. Com quem nunca o fiz antes porque sempre que as vi estavam entre amigos, no meio duma multidão, ou simplesmente, porque não trazia a máquina comigo. Mas sei que um dia, mais tarde ou mais cedo, vou acabar por falar com elas. O Tim é uma dessas pessoas. Ou melhor, o Tim é agora, precisamente, menos uma dessas pessoas. Deve haver por aí não sei quantos termos fashionistas que o descrevam melhor mas para mim é simplesmente subtil. O chapéu impecável, os óculos intemporais, o relógio dos 80´s, o algodão preto por cima da pele negra. Tudo ali é suave e subtil. Simples, suave e subtil