quarta-feira, 31 de março de 2010

Juan & Javier

Juan & Javier

Estava à conversa junto ao muro que dá forma à saída do Metro quando os vi e disse:
- Vou ali fotografar aqueles dois. (como se lá por achar que quero fotografar alguém isso signifique que alguém haverá de querer ser fotografado por mim)

O espírito do post já tinha começado – sem disso poder sequer desconfiar – umas boas semanas antes quando descia a Rua da Rosa à conversa. Vi uma loja que não conhecia. El Ganso. Soou-me familiar e o meu amigo assegurou-me de que não se falava outra coisa em Espanha. Gostei do que vi mas ando com pouca pachorra para lojas e pouco dinheiro para lá gastar. Ficou para uma próxima.

- Uma foto?
pode ser” disseram eles. Estranhei, espanhóis a falar português correctamente. “vivemos cá” explicaram. À noite tinha o e-mail da praxe a pedir as fotos. O agradecimento à minha resposta veio com um convite para visitar a loja deles, no 31 da Rua da Rosa. “Rua da Rosa”, “loja”, “espanhóis”, havia ali déjà vu. “El Ganso!” lembrei-me. Escrevi a perguntar e responderam-me precisamente o que queria ouvir (tenho um certo fetiche por coincidências, vocês não?).

A loja é gira, muito gira. Comprei um pull-over (repito, não nado em dinheiro, na verdade, não tenho bem onde cair morto; fiz-me entender? isso mesmo, aquilo nem é caro de todo). Pull-overs, casacos, calças, calções e ténis, muitos ténis. Para elas também. Vestidos incluídos. Daqueles que apetece tocar (ou levantar…dependendo de cada um, cada qual e do respectivo contexto)

P.S. – a minha paranóia por este blogue não chega ao ponto de comprar o que quer que seja para tornar um artigo mais convincente. Ou pelo menos… (ainda não). Vale a pena, a sério vale mesmo... 31 da Rua da Rosa

domingo, 21 de março de 2010

Sexy mother fuckers* (quem dera a mim)

Sexy mother fuckers (quem me dera a mim)

* refering to an attractive person. someone who is extremely hot. someone you want to do the second you lay eyes on them (in urban dictionary)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Conversas imaginárias com o avô no dia do pai



- Fala-me lá do teu blogue.
E eu pensei “se tivesse nascido nos anos 20, por mais loucos que tivessem sido, dificilmente perceberia”. Mas lá lhe falei. Assim com meias palavras, a projectar a voz para o lado como quem fala sem querer ser ouvido. Por regra o tema exalta-me mas com o avô senti-me levemente constrangido. Não que não me orgulhe disto. Aliás, por mais revolta que desperte nos anónimos, heterónimos e pseudónimos que volta e meia vêm aqui lembrar a bela merda de blogue que tenho, há que reconhecer que esta merda (bela ou não) me parece a única coisa digna que fiz até hoje.

Eu sei avô. A coisa não começa bem. Qualquer coisa que se chame blogue não lhe deve merecer grande crédito. Fotografar pessoas na rua também não. E acredito que fotografá-las por aquilo que elas vestem só consiga fazer parecer tudo pior. Mas no outro dia quando liguei para aí, a avó, antes mesmo de lhe passar o telefone, disse-me que o avô se tinha emocionado quando ouvia a minha voz num programa de rádio. Fiquei meio sem jeito, sem saber que dizer. Eu sei que o avô era tramado com o meu pai e, para lhe ser franco, não é fácil imaginá-lo comovido. Também nunca vi o meu pai chorar e, para lhe ser completamente franco, ele também não foi sempre dócil comigo. Mas reconheço duas coisas: que não me imagino um pai particularmente meigo e que, não me venham cá com merdas, a disciplina com que se trata um filho em criança fará dele mais homem em adulto. E é mesmo assim, não é? Há sempre coisas complicadas entre um pai e um filho. Ser neto será sempre mais fácil.

Sabe avô...estas pessoas que eu fotografo, são sempre pessoas que me merecem um segundo olhar. Olho uma vez, olho uma segunda por reflexo e só depois as abordo. Por vezes é um processo tão rápido que nem o chego a interiorizar. Também percebo que tudo lhe soaria mais legítimo se olhasse para trás em busca duma forma feminina ou dum pedaço de carne destapada em vez dum casaco, dumas botas ou dum chapéu. Mas vou-lhe dizer sobre o que é este texto. Sobre sentir-me na necessidade de lhe explicar a minha sensibilidade. E de lhe explicar que ela é também parte da minha virilidade. Mas é apenas com o avô que me sinto forçado a fazê-lo, como se fosse o único homem no mundo a quem não tivesse tido oportunidade de o demonstrar. Porque, quer queiramos quer não, é aos nossos ascendentes que sentimos mais necessidade de provar o que quer que seja. E sempre que me vê me pergunta pelo mundo feminino e é quase sempre que o vejo que lhe respondo com evasivas masculinas. E verdade seja dita, foi com o avô que tive mais perto de ter a conversa das abelhas, esse confrangedor diálogo que o meu pai teve a gentileza de me dispensar. Mas sabe avô, quando olho por trás do ombro vejo que sensibilidade e tesão andaram sempre de mãos dadas na minha vida. Que as melhores fodas foram sempre aquelas em que as palavras mais porcas me pareceram as mais ternas, aquelas em que os abraços subsequentes ao derrame da minha virilidade me souberam tão bem quanto aqueles divinos dois segundos que precedem a ejaculação. Desconfio que nos tempos de hoje se exija a um homem que seja tão proficiente a acarinhar uma mulher como a comê-la, tão voluntarioso a apoiá-la quanto a defendê-la e tão dedicado a amá-la como a protegê-la. Eu sei que para o avô é importante ter um neto viril. Eu sou-o à minha medida e sem pretensão de o ser à imagem de mais ninguém mas confesso, gostava de o ser também à sua. Não me imagino a impingir estas exigências a um descendente meu mas aquilo que um dia exigir àqueles que vou amar não tem que ser a exacta medida daquilo que me exijo a mim. E a mim exijo impressionar o avô. Depois do pai, o avô. Mais que mulheres, amigos ou leitores dum blogue. O avô. Impressionar o avô

quinta-feira, 18 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

O gajo que me fez os cartões tem um granda estilo

O gajo que me fez os cartões tem um granda estilo

A ideia dos cartões vem desde o início. Achei que era agradável entregar um cartão a quem fotografasse ou a quem abordasse para o fazer. Dispensavam-se papelinhos, canetas, “escreva nas minhas costas”, “leva um “o” antes de “alfaiate””, “não é Lisboa, é l-i-s-b-o-e-t-a” etc, etc. O processo ficaria mais simples e, seguramente, mais elegante. Por outro lado estávamos em Janeiro de 2009, tinha meia dúzia de posts publicados e nada me garantia que não perdesse o ímpeto inicial no espaço de um ou dois meses. Mandei fazer os cartões primeiro, as respostas às minhas dúvidas vieram depois.

Mas o Rui Quinta não é apenas o gajo dos cartões. O Rui foi dos poucos amigos que me disse, antes de iniciar o Alfaiate, “ideia gira, vai em frente”. E é por essas (e por muitas outras) que sempre que algo de bom acontece com este blogue o número dele é o primeiro que ligo. E é por essas e por outras, que vou continuar a ligar. Porque repito, o Rui não é apenas “o gajo dos cartões”. O Rui é o amigo a quem ligo a perguntar “tens aí cartões do Alfaiate?” quando dou conta que tenho a meu lado o Dr. Ricardo Espírito Santo Silva Salgado – que está mais ou menos para mim como está o Papa para qualquer Católico Apostólico Romano – e nenhum cartão no bolso. O Rui é o amigo que me aparece à frente em dois minutos com os ditos cartões e me pergunta em jeito de afirmação: “mas o que é que tens a perder?!”. Porque para estendermos a mão ao nosso chefe supremo e lhe apresentarmos o nosso próprio projecto é necessário deixar de lado o receio de fazer figura de parvo. Porque acredito que, com peso conta e medida, é da capacidade de deixarmos de lado esse mesmo receio que muitas conquistas são feitas. Porque é de figuras, mais ou menos parvas, que este blogue é feito. Mas já que as faço, que as faça com estilo. O parvo já se sabe…sou eu, o estilo é com este senhor...com os cartões deste senhor

quarta-feira, 10 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010

quarta-feira, 3 de março de 2010

O Principezinho

O Principezinho

(houve um dia, já crescido e sem cachecol, que se fartou de cativar a Rosa e flirtar com a Raposa e apanhou uma ligação lowcost do seu asteróide para Londres)

Nunca vos aconteceu alguém falar convosco mas uma voz, uma outra, talvez a nossa própria, se sobrepor à do nosso interlocutor e ali estamos nós de olhos fixados em quem nos dirige a palavra, acenando cinicamente com a cabeça enquanto o nosso pensamento nos foge? Acho que este rapaz – bastante simpático diga-se – me disse que usava uma máquina igual à minha. Deve ter sido isso já não sei bem…porque, do que a tal voz me falou foi duma viagem a Paris e não a Londres, em Dezembro de 2002, que de tanto ouvir um amigo fazer citações à personagem que este miúdo me lembrou, acabei por reler a obra. Mas não foi fácil convencer-me. Na viagem estava mais preocupado com o incómodo desarranjo intestinal que o paspalho que estava ao meu lado tinha e, durante a estadia, com a dúzia de croatas que tínhamos conhecido. E quando o outro me vinha com as citações do Principezinho respondia-lhe “está bem…está bem” e virava-me de imediato para uma das duas ou três croatas que me tinha proposto a cativar (ou lá o que lhe quiserem chamar). Optámos pelo que de menos inteligente havia a optar ao achar que era engraçado passar a meia-noite de dia 31 nos Campos Elísios. No meio da confusão perdi-me deles. Um amigo meu saiu-se um dia com uma frase engraçada (verdadeira ou não, pouco interessa) segundo a qual: “As croatas não são boas, são muito boas”. A verdade é que esse argumento não me sensibilizou muito e passei 3 horas a evitá-las e a procurar desesperadamente os meus amigos. E percebi que das piores coisas que nos podem suceder é sentirmo-nos perdidos no meio de uma multidão festiva. E foi aí, na plena amargura de passar tão mal uma noite que se imagina tão boa, que vivi um dos meus momentos de maior felicidade – daquela pura e instantânea, como que servida em pequenas doses concentradas ao estilo da adrenalina – quando, já sem grandes esperanças, encontrei e abracei os meus amigos.

E sim…acho que é verdade: “somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos

E sim "acho" que também é verdade...o paspalho com o desarranjo intestinal era mesmo eu

segunda-feira, 1 de março de 2010