segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Ana, uma gravidez colorida e uma história que não me cansei de contar

Ana

Nunca dou grande crédito quando alguém me diz que houve determinado dia que mudou a sua vida porque A se cruzou com B enquanto C ia para cama com D que por sua vez se desiludiu profundamente com E. Mas a verdade é que não tenho grande legitimidade para me pôr com cepticismos extremos em relação a esoterismos alheios que eu também tenho a minha meia dúzia de momentos que, por um motivo ou por outro, marcaram o que estava para vir depois. Lembro-me, lá para meados de Abril do ano passado, a Time Out ter dedicado um número ao engate (hei-de pensar num sinónimo que não nos ponha logo a pensar em dois estranhos em cima um do outro), às 1001 formas de se poder conhecer pessoas interessantes e aos sítios que aquela redação achava mais indicados para que isso acontecesse. Lembro-me de achar que o editorial desse número parecia recear que o artigo não fosse levado a sério. Não era necessário. Eu levo a sério o momento em que meto conversa com alguém. Afinal de contas, não precisei que ninguém me apresentasse a minha namorada para lhe ir falar um dia. Momentos como esses, abordagens rápidas, às vezes meio suicidas, podem marcar uma vida ou, ao menos, parte dela. Estou-me a lembrar também que conheci a minha melhor amiga (aquela a quem atendo o telefone quando estou sentado na retrete) numa festa do caloiro da faculdade de um amigo meu. Quando um de nós meteu conversa com o outro pela primeira vez, não lhe ocorreu certamente que teria ali um amigo para a vida. O flirt, para além das primeiras ideias que nos atropelam desde logo o pensamento: da promiscuidade, da sedução, da tensão sexual e de meia dúzia de hormonas aos saltos; é às vezes a única forma possível de um rapaz e de uma rapariga iniciarem uma amizade

(conto-vos a história sobre como conheci a Ana porque acho que mudou para sempre a forma de me relacionar com as mulheres)

Era o último dia de aulas e tinha-me prometido que o dia não chegaria ao fim sem tentar fazer algo. Dificilmente sairia dali alguma coisa brilhante mas no que a raparigas diz respeito sempre achei que aquele adágio do “antes arrependeres-te do que fizeste que do que deixaste por fazer” ganhava toda a propriedade. Percebi que ela ia sair do liceu. Tal qual o dia anterior calculei o tempo que ela levaria a chegar à saída pelo caminho apenas acessível a professores e funcionários e tal qual o dia anterior cruzámo-nos junto ao portão. Segui-a a uns metros de distância e tentei perceber de imediato onde estava estacionado o carro, o mesmo cuja matrícula me continuo a lembrar dez anos depois. Já depois deste episódio, posso ter sentido algum entusiasmo ou agitação, mas não me recordo de ter voltado a sentir o coração bater a uma velocidade daquelas por causa de alguém que não conheço. Estava prestes a meter-me com uma professora do meu liceu e mesmo que dali em diante apenas me arriscasse a cruzar com ela num dos exames nacionais a que estava inscrito não deixava de me arriscar a fazer uma tremenda figura de parvo. Pouco antes de ela chegar ao carro abordei-a. Entre os disparates que balbuciei na altura só me lembro de atropelar palavras sobre palavras e de me sair qualquer coisa como “não podia deixar que o ano terminasse sem vir falar consigo”. A Ana já tinha a porta do carro aberta e perguntou-me, com um olhar que não deixava perceber o que estaria a achar de tudo aquilo:
- Mas então não tem nenhum assunto para tratar comigo?
Abri os braços e enquanto abanava a cabeça disse:
- Não professora. Bem que me dava jeito ter uma desculpa para falar consigo mas não tenho

Ainda hoje recordo este episódio com uma gabarolice descomunal. E ainda ontem disse à Ana (como digo quase sempre que a vejo) que aquele dia mudou a minha forma de me relacionar com o sexo oposto. Mas ela nunca me leva a sério. Acho que hoje, dez anos volvidos e a menos de dois meses de ser mãe, vai finalmente levar

45 comentários:

Anónimo disse...

WV Polo Encarnado! Já passaram quase 10 anos..está linda a Ana!
RQ

Sara Quaresma Capitão disse...

fotografia fantástica... a luz é linda!

Mau Feitio disse...

Parabens à Ana! Eu acredito que nada é por acaso, nem as pessoas que entram na nossa vida. Já me abordaram de forma original.

A foto está o máximo, transpira felicidade.

Diário de Lisboa disse...

Grande fotografia. Felicidade, muita felicidade,de quem está e de quem tira a fotografia.
Grande abraço.

Anónimo disse...

Oh Zé que história tão linda! Essas histórias que deixaram o coração aos saltos são sempre as mais doces.
E a Ana, com aquela barriga e aquele sorriso ilumina uma sala!

bisous!

iara

Amora disse...

O Sorriso da foto vem de dentro!
E por isso deve querer dizer que está feliz...com o que a vida lhe deu!
Parabéns a este blog !

Isabel I disse...

Linda foto, linda a Ana, linda a barriga dela, linda a história por detrás da foto. Parabéns Alfaiate por tudo, principalmente pela captura do exacto retrato da alegria.

paula maria disse...

ÀS vezes as relações começam assim mesmo, desinteressantes... Felicidades para a professora :)

paula maria disse...

ÀS vezes as relações começam assim mesmo, desinteressantes... Felicidades para a professora :)

Chat Gris disse...

Luz, sorriso e barriga lindos!

Anónimo disse...

A história já conhecia, a Ana ainda não!

Mais uma bela foto e um excelente post.

Parabéns Zé.

Abraço
Francisco

Anónimo disse...

É a Ana Luísa?!...
Se for, conheço-a dos tempos de teenager... :)

Unknown disse...

ola, seu blog com todo respeito deveria se chamar o poeta lisboeta, porque?, porque, as fotografias mesmo sendo lindas e retratarem o que tem de mais belo no ser humano, se não houvesse a sua poesia,na forma de seus comentários,seriam apenas boas fotos. Parabens pela sua sensibilidade vc transmite nas palavras o que o mundo hoje mais se ressente,AMOR. jaime(brasil)

António Reis disse...

Bela foto, bela história. Continue

Unknown disse...

Lindo!
Linda a história, linda a Ana, linda a vossa amizade! E, que grande felicidade essa mamã, linda de morrer, consegue transmitir!

E sim! Há momentos que mudam a nossa vida! Alguns apenas mudam...nem para melhor, nem para pior! Mudam...

Lizzy disse...

Que "bolinha" mai linda! 5*! Dá para ver a felicidade em todo o lado. Principalmente no rosto da futura mamã...

Missy disse...

Esta foto captou a essência da Ana e a luz de Lisboa com o Tejo como companheiro!
(e a história...foi uma de embalar!)

Ju disse...

Que fotografia mais linda!!!
Fantastico!
Adoro o teu blog. Parabéns.
Felicidedes aos três elementos que proporcionaram esta fotografia excelente.

Lisboa na ponta dos dedos disse...

"poeta Lisboeta" adorei ;-) e conhecendo o Zé concordo com a versão.a qualidade da fotografia e o sorriso da Ana não precisam dos meus comentários.;-)

o mais bonito de tudo é testemunhar a evolução deste viajante da cidade. Comovente.:-)

Ângela disse...

Vejo a Ana quase todos os dias, cruzamo-nos por corredores que partilhamos,mas não nos conhecemos, nem lhe sabia o nome! Engraçado ficar a "conhecê-la" novamente desta forma!

Eli disse...

Esta é uma daquelas histórias que gosto de ouvir/ler!

:)

Partilhar algo nosso só nos pode ser BOM!

:)

Parabéns!

:)

Anónimo disse...

adorei a forma como contaste a historia...
Digna de um romance...Não perdi o interesse por um segundo. Como acabou? A Ana entrou no carro e mais nada... e mais..só o dez anos depois?

Rosarinho disse...

Lindo.
Obrigada.

eloi disse...

São histórias assim que me fazem acreditar na máxima de que "não há coincidências"!

A vida é bela, obrigado por partilhares a beleza da tua!!

Abraço,
eloi

P.S.: E claro, muitas muitas felicidades para a Ana! ;)

Anónimo disse...

“antes arrependeres-te do que fizeste que do que deixaste por fazer”

Concordo muito contigo!

bom post!, beijinhos
jb

mary jane disse...

Também fiquei curiosa com o final da história...


**

Reflexos disse...

Os melhores amigos aparecem de onde e quando menos se espera.
A verdadeira amizade é das coisas mais lindas do mundo!

Anónimo disse...

Sim senhor...gostei do teu atrevimento.

Pelos vistos, valeu a pena.


Parabéns.


Saloio

Anónimo disse...

...é a primeira vez que aqui passo e só tenho a dizer que vou voltar...muitas e muitas vezes...é incrivel a maneira como captas cada pessoa e consegues transmitir o que lhes vai na alma...sem dúvida que "nenhuma pessoa é lugar de repouso"...mas foi mto bom repousar por aqui alguns minutos e perceber mesmo que cada pessoa tem uma história para contar...Parabéns pelo blog...genial...hasta breve...RJ...http://full-feelings.blogspot.com/

Cath disse...

Gostei da história, tal como da foto. Compreende-se o motivo que te levou a ter a lata (enfim não sei se é expressão adequada) de abordar a professora do liceu, é muito bonita.

A. disse...

Linda :):):)
AC

A. disse...

Linda :):):)
AC

Anónimo disse...

A vida vai-se fazendo destas pequenas histórias. E vale sempre mais a pena arriscar um sorriso, uma olhar, uma conversa :)
Linda, a Ana. E a foto. E a tua memória.
Flordeceres

Likas disse...

é bom ler histórias que cruzam pessoas que se amam e ver imagens que o espelham tão bem... parabéns!

João Falcão Trigoso disse...

Grande Zé!

Depois de te encontrar ontem no Príncipe Real, cá venho visitar o teu blog e ver a nossa querida Ana Sales em todo o seu esplendor :) é verdade, a vida é engraçada e quando nos cruzamos não é por acaso ;)

Parabéns e um grande abraço

João

Pri disse...

Q mamae feliz!!!!! detalhe para o tie dye maravilhosoooo...

mariana disse...

UAU!!!!
Sou prima da Ana e.... não sabia da grande novidade!!!
Um beijo muito grande desde Barcelona e ... espero vê-la no Natal!

AB disse...

Podes dar um grande beijo à Ana e dizer-lhe que ela está cada vez mais bonita e lhe desejo uma grande felicidade!
Sou tia dela, por afinidade, e não a vejo há anos por força do destino!

Tiana

Tixa disse...

Oh!!
Não acredito que hoje ao vir mais uma vez ao teu blog, descobri uma das minhas professoras preferidas(apesar de me ter "dado" Alemão.Blhackkk.).Já sabia que estava de esperanças mas há já uns anos que não a via e acredita que é uma das Grávidas mais giras e com o ar mais feliz que já vi.
Por favor manda-lhe um beijinho e muitas felicidades.
Quanto a ti vou continuar a ver o teu blog com mais ou menos assiduidade.Um beijo
Ana Raquel Costa

Anónimo disse...

A foto tá muito boa zé!
grande abraço
Alex

Filipa Do Arte disse...

Tão linda a minha Sales!!**** beijooo

p.s.- adoro o blog.

Anónimo disse...

Ana, a grávida (hoje mãe) disse...
Ensinaste-me e relembras-me cada vez que nos encontramos ou cada vez que recordo o dia em que nos conhecemos, que a espontaneidade, ainda que dos impulsos mais puros do ser humano, é apenas conseguida por alguns e é de facto o que de mais honesto temos em nós para materializar (nem que pelo olhar) o que nos vai na alma. Esta espontaneidade, que nos fez cruzar na vida, tornou-se sempre ainda mais especial porque parece vir de uma timidez sedutora que te é tão peculiar.
Sinto-me privilegiada por partilhares comigo a visão sensível e honesta que tens da vida.
Obrigada!
Beijo
Ana

Anónimo disse...

Não acredito que vim econtrar aqui, POR ACASO completo, a minha prima Ana Luísa! Que engraçado! Estranhamente engraçado!

Anónimo disse...

Que delícia!

Raquel Sousa disse...

que foto linda :))