Se me perguntarem por um destino exótico o primeiro país que me ocorre é a Índia. Além disso tenho uma concepção hiper-romântica da mulher indiana e quando penso na sua versão masculina ocorre-me sempre aquela cena do Paciente Inglês em que a (personagem interpretada pela) Juliete Binoche se fica a babar ao ver o Naveen Andrews (Tenente Kip Singh) lavar o cabelo depois de o vermos tirar cuidadosamente o seu turbante.
Algumas das fotografias que aqui aparecem são conceitos que havia desenhado mentalmente e que aguardavam apenas a oportunidade certa para a sua concretização. O turbante era precisamente um deles. Reconheço que foi “ele” que me tinha levado de passagem pelo Martim Moniz e aproveito também para vos confessar que a última fotografia foi uma espécie de achado no meio de uma sequência que não era mais que um teste à luminosidade daquela praça. Mas o Martim Moniz e a ideia que dele têm os Lisboetas transporta-me para os aplausos com que brindamos Londres, Nova Iorque e todas essas metrópoles que servem de paradigmas aos “melting pots” e às “multiracial societies”. A verdade é que parecemos apreciar mais esses conceitos sociológicos quando se reproduzem a alguns milhares de quilómetros de distância das nossas casas. Não façam caso do plural, não é mais que uma forma (um tanto ou quanto) cobarde de tornar menos pesado o fardo deste meu acto de contrição – vês Mãe…perdi a fé em Deus, mas não na sua palavra.
E lembrei-me de tudo isto no momento em que voltei as costas a Balbir Singh. Só não sonhava que o seu apelido fosse o mesmo da personagem cinematográfica responsável pela minha visão charmosa do homem de origem indiana.