domingo, 29 de agosto de 2010

cinco meses, cinco jardins



Um londrino passa o dobro do tempo que um lisboeta nos parques da sua cidade.

Só no centro histórico de Tallin há mais 23 esplanadas que em Lisboa e toda a sua área metropolitana.

A percentagem de executivos suecos que usa fatos de linho é o dobro da dos executivos portugueses.

Os habitantes de Dublin sorriem, em média, mais 2,43 vezes por dia que os lisboetas.

Em média, um guarda-roupa duma madrilena tem mais 4 mini-saias que o de uma lisboeta

Em pleno Dezembro, há cerca de mais 5.000 ciclistas nas ruas de Riga que nas nossas avenidas.

Entre 21 de Dezembro 21 de Março um milanês, em média, junta-se 7 vezes mais com os seus amigos depois do trabalho que um lisboeta (essa mesma relação, entre 22 de Março e 20 de Junho, dispara para 11 para 1)

A probabilidade de um lisboeta experimentar, a partir das 17h de Domingo, um sensação de apatia aguda ou leve depressão por não conseguir tirar da cabeça a ideia de que terá que trabalhar no dia seguinte é 9 vezes superior à dum berlinense.

Por ano, realizam-se 3 vezes mais concertos ao ar livre em Bruxelas que em Lisboa.

Um adolescente moscovita tem 3,5 vezes mais lata para abordar a miúda que mora na rua da frente com quem se cruza diariamente enquanto ambos passeiam seus cães que um adolescente lisboeta (sabendo-se que este último, apesar de ter a jogar a seu favor uma probabilidade 7 vezes inferior de estar a chover e 23 de estar um frio de rachar, prefere tentar encontrá-la no Facebook)

É caso para dizer que, à boleia de todas estas improbabilidades estatísticas tão difíceis de justificar ou sequer perceber, as probabilidades de um festival como o Out Jazz se realizar numa outra qualquer cidade europeia com muitos menos condições do que aquelas que reúne Lisboa seriam elevadíssimas. O espírito da publicação destes dados não é tanto troçar de nós próprios (o que também não deixa de ser um exercício saudável) mas aclamar os eventos que nos incentivam a gozar o melhor de cada cidade. E a boa notícia é mesmo essa. O Out Jazz é cá. São 5 meses de actividade ininterrupta espalhada por 5 jardins diferentes onde o Jazz (e não só) serve(m) de óptima desculpa para nos deitarmos numa toalha, na relva ou num daqueles puffs a ouvir quem por lá passa. Um convite em aberto para desfrutar dum final de tarde melodioso num cenário em tons esverdeados. De Maio a Setembro o Out Jazz desfila por cinco jardins da cidade, onde, a cada Domingo, aparece uma banda e um d.j. diferentes. Este post teria tido bem mais sentido no último fim-de-semana de Abril que no último de Agosto mas, mea culpas à parte, só conheci o festival este ano (já a meio da sua 4a edição). Mas resta ainda um mês de Jazz. A quadra da Torre de Belém fechou hoje, a da Tapada das Necessidades reabre no próximo Domingo e, como assegurar-vos-á qualquer pessoa que já tenha por lá passado...vale a pena...mesmo. Ao ponto de vos prometer que – inspirado pela letra da Cesária Évora que o d.j. de serviço do outro Domingo passou em versão remisturada – se forem até à Tapada das Necessidades num qualquer destes próximos Domingos, de Setembro deste ano até Maio do próximo, não é apenas do bom tempo que vão ter “saudade”. A sério que não

29 comentários:

José Cabral disse...

(não obstante ter a maior das considerações pela sagacidade dos leitores deste blogue acho que me cabe certificar de que fica bem claro que todas aquelas estatísticas invulgares não têm outra fonte que não a minha imaginação)

Caixa disse...

Bem me pareceu! Mas que é verdade que somos um povo negativista e deprimido, isso somos. Por esse motivo, muitas vezes tornámo-nos deprimentes.

Toca a sair gente! :)

António Prates disse...

Ora bem;
“Um londrino passa o dobro do tempo que um lisboeta nos parques da sua cidade.” – Ou não fosse a Inglaterra o Solar do Robin dos Bosques e do Sherlock Holmes.

“Só no centro histórico de Tallin há mais 23 esplanadas que em Lisboa e toda a sua área metropolitana.” – Talvez eles tenham menos para fazer e mais tempo para as esplanadas.

“A percentagem de executivos suecos que usa fatos de linho é o dobro da dos executivos portugueses.” – Penso que este desequilíbrio se deve à invasão do Mercado Oriental.

“Os habitantes de Dublin sorriem, em média, mais 2,43 vezes por dia que os lisboetas.” – Pudera! Com a cerveja que bebem e com o nível de vida que têm, casmurros seriam eles se não sorrissem mais do que nós.

“Em média, um guarda-roupa duma madrilena tem mais 4 mini-saias que o de uma lisboeta.” – Belas pernas tem Madrid!

“Em pleno Dezembro, há cerca de mais 5.000 ciclistas nas ruas de Riga que nas nossas avenidas.” – E será que as nossas avenidas têm condições rodoviárias para albergar tantos ciclistas? Tenho dúvidas!

“Entre 21 de Dezembro 21 de Março um milanês, em média, junta-se 7 vezes mais com os seus amigos depois do trabalho que um lisboeta (essa mesma relação, entre 22 de Março e 20 de Junho, dispara para 11 para 1)” – Porque será? Quiçá o nível de vida, a qualidade das gentes, ou a alegria das pessoas.

“A probabilidade de um lisboeta experimentar, a partir das 17h de Domingo, um sensação de apatia aguda ou leve depressão por não conseguir tirar da cabeça a ideia de que terá que trabalhar no dia seguinte é 9 vezes superior à dum berlinense.” – É o que se pode chamar monomania laboral!

“Por ano, realizam-se 3 vezes mais concertos ao ar livre em Bruxelas que em Lisboa.” – Os belgas, por norma, têm temor aos recintos fechados e pavor aos espectáculos de Inverno.

“Um adolescente moscovita tem 3,5 vezes mais lata para abordar a miúda que mora na rua da frente com quem se cruza diariamente enquanto ambos passeiam o cão que um adolescente lisboeta (sabendo-se que este último, apesar de ter a jogar a seu favor a probabilidade 7 vezes inferior de estar a chover e 23 de estar um frio de rachar, prefere tentar encontrá-la no Facebook)” – Somos mais tímidos e mais românticos... digo eu!

Anónimo disse...

O Alfaiate esqueceu-se de um pormenor importante: com a média dos ordenados a rondarem os 600€ quem é que quer sorrir, ver concertos de jazz, passear ou gastar dinheiro numa esplanada? Se me explicarem talvez eu mude de opinião...

José Cabral disse...

eu explico. o festival é gratuito

Nessuno disse...

Eu já fui o ano passado e este ano e adoro o festival. Se somos pobres não temos que ser despreocupados e incultos. Não é só o ser gratuito e trazer vida aos parques, acho que uma das coisas essenciais é capturar o jazz nocturno dos clubes para os fins de tarde em locais abertos, que até o faz soar bem melhor nas almas de toda a gente. Aproveito ainda para fazer publicidade ao Storik na Rua do Alecrim que tem a mesma iniciativa aos domingos (apesar de não ser ao ar livre).

Quanto às imaginativas estatísticas, também é largo o meu horizonte:

O Lisboeta vai em média mais 9 vezes por ano passear junto ao/observar o rio que um habitante de Paris

Os Lisboetas reunem-se à noite em miradouros da sua cidade no Verão em média mais 30% que qualquer outro cidadão europeu.

Em Lisboa abrem mais 1,3 vezes restaurantes por mês que em Berlim.

Lisboa tem a melhor luz fotográfica de toda a Europa.

A probabilidade de um Lisboeta sair para convívio num sábado à noite é 5 vezes maior que a de um londrino.

A probabilidade de um Lisboeta ir à praia durante todo o ano, nem que seja ver o mar, é bem superior a qualquer outra capital europeia

E assim podia continuar...há muitas coisas boas pela cidade que nos conseguem fazer sorrir e por em segundo plano os seus grandes defeitos =)

inês disse...

Poderia referir um par de países mais "pobrezinhos" que Portugal onde isso não impede que as pessoas gozem a vida dentro do que cabe...e na rua! A falta de dinheiro não é a desculpa para o cizentismo! É uma questão de mentalidade e de rigidez dos hábitos sociais (bastante conservadores, diga-se). Muito me ri com as minisaias de Madrid e as probabilidades de os italianos combinarem qualquer coisa com os amigos, e os ingleses se não estão nos parques, estarão certamente no pub! Uma das coisas que mais me exaspera quando vou a Portugal é a complicação que é conseguir combinar algo com os amigos. Tenho que mandar os mails a avisar que vou com quase um mês de antecedência e o mais que se consegue às vezes é o sacrosanto "lanchinho lá em casa"...nem ao menos uns copos, lan-chi-nho!!!

Unknown disse...

Mesmo sabendo que os numeros são inventados, faz-nos bem ver estas comparações para percebermos que a nossa atitude em relação à vida precisa mudar.

Boa iniciativa Alfaiate

Stela ALVES disse...

Suas fotos sao sempre surpreendentes!!
http://streetstylebystela.blogspot.com

Ana Margarida disse...

Pode ser bem verdade que o Português (aqui referenciado sempre como lisboeta) não sorria menos, ganhe menos, saia menos.

Mas também é bem verdade que em Portugal há muita gente que culpa o facto de não sair e não ter dinheiro, devido a muitos factores externos... mas se formos a analisar até isso é culpa dos próprios. Vejamos: haverá país onde os patrões põe tanto dinheiro ao bolso e ainda se queixam de crise? haverá país onde tanta gente recusa trabalho porque existem sempre 1001 coisas contra?

Se é bem verdade que em muitos outros países as pessoas saiem mais, divertem-se mais, também é verdade que nesses mesmos países trabalham e muito.!!

é claro que a ideia não é generalizada e no nosso país há muito boa gente que gosta de trabalhar e aproveitar (bem) o que ganha!

stranger disse...

Gosto e vou sempre a um ou outro concerto do OutJazz, gostei da imagem e também das estatísticas imaginárias que não devem escapar muito à realidade. Os lisboetas têm de viver mais a bela cidade que está à nossa disposição. Que venham mais boas fotografias!

João Roque disse...

Eu não sei se as considerações são verdadeiras ou não.
Mas constato que uma cidade como Belgrado, menos apelativa do que Lisboa e com clima muito menos apetecível tem uma imensidade de esplanadas, sempre pejadas de gente, uma grande zona pedonal e uma alegria de viver muito diferente do que se regista em Lisboa.
E vou constatá-lo de novo, já a partir do próximo dia 8...

Isabel I disse...

Pois não consigo concordar convosco, por muito que me esforce. Acho Lisboa uma cidade vibrante e cheia de luz e vida, onde há tantas esplanadas, eventos,espectáculos, cinemas, restaurantes como em qualquer outro lado. E gente que vai a concertos, exposições, passeia nos jardins, vê montras, corre à beira rio. Isto, se calhar, sou eu que sou da província.

inês disse...

Interessante discussão sobre estilo de vida, num blog sobre estilo!
Queria acrescentar dois pontos:
1. Para passear na rua, faltam passeios! Ver montras no centro comercial não vale! Quem tiver carrinhos de bébé, digam lá onde é que costumam sacar o carrinho tipo desfile no passeio público à espanhola?! Ir de carro até ao parque/expo/rio também não vale!! Para já não falar dos carros em cima dos passeios...
2. o que me leva ao ponto 2, pessoalmente sinto que Lisboa tem um problema de mobilidade. É uma cidade relativamente pequena e no entanto depende-se muito do carro. É muito bonito poder ir à praia quase o ano inteiro e correr à beira rio também...mas é praticamente impossível chegar lá sem ter que pegar no carro e isso também não vale!
Se calhar as pessoas viveriam mais a rua se a rua estivesse pensada para as pessoas.

Anónimo disse...

Alfaiate nem todos nós somos assim tão negativos as vezes é a vida que nos faz assim e com os politicos que temos a roubar o nosso bolso ainda pior a situação.

beijinhos

meninaines disse...

Gostei muito deste texto, aqui em Londres passo a vida a reparar em coisas semelhantes, como as pessoas que mesmo saindo tarde dos empregos (costumo sair por volta das 20:00, portanto tal e qual Lisboa) e com este clima para lá de ridiculo, mesmo assim arranjam tempo e disposição para ir para o parque com os amigos beber uma garrafa de vinho e conversar.
Felizmente os meus amigos em Lisboa são bastante positivos e cada vez evito mais os péssimistas que só me falam de Portugal para dizer mal.

Um beijinho grande para ti Zé, saudades.

Silk disse...

Ele havia mais ciclistas nas nossas avenidas, mas foram atropelados...

Carla M. disse...

Não se tratam de dados estatísticos reais mas, a meu ver, poderiam espelhar a nossa realidade... Não tinha conhecimento desse festival mas vou tratar disso rapidamente =)esta foto deixou-me com com uma pontinha de inveja! Há muito que sigo o blog, deixo-te aqui os parabéns, não só pelas excelentes fotografias, mas também pela qualidade dos textos que as acompanham. Confesso que, embora este seja um blog baseado na imagem, são as palavras que me fazem regressar. Continua...

Anónimo disse...

A começar por ti Alfaiate!

Em vez de inventar estatísticas a criticar a nossa cultura em relação às outras, não achas que era mais positivo postares estatísticas posítivas...?

Ritinha disse...

Com a metade irlandesa que tenho, concordo com o comentário relativamente aos irlandeses sorrirem mais - Caro António Prates, não se deve ao consumo de cerveja mas sim, a uma forma de estar, a uma atitude positiva muito própria de um povo que relativiza as situações. Nasce e morre com eles!

Quanto às mini-saias existentes no meu roupeiro, creio modéstia-à-parte, rivalizar qualquer Madrilena que se preze!

Wolve disse...

Alfaiate, mencionei-te no meu blog, com devidos links, and all that jazz. Pelo respeito que te tenho e ao teu trabalho, achei que devia, por cortesia, fazer saber.

Abraço, e continua essas viagens!

Wolve disse...

por lapso, não deixei o link ao post específico. Aqui fica:

http://olobovestedebranco.blogspot.com/2010/08/estatisticamente-falando.html

Anónimo disse...

O K?! termina já em Setembro =/ tenho de ver se ainda apanho um este ano para terminar o verão em beleza!...e quanto ao post até podias ter inventado todas essas estatísticas mas eu acreditava à mesma...eu vejo bem que as pessoas já não apreciam um fim de tarde numa esplanada a apanhar sol, já não apreciam um piquenique, preferem ficar encafuados numa sala de concerto a ver um concerto ao ar livre...ainda por cima jazz, que soa bem melhor com uma brisa de verão a acariciar-nos a cara enquanto nos sentamos confortavelmente na relva de um jardim, de preferência em boa companhia! se calhar os lisboetas tem medo da natureza o que não faz sentido já que Lisboa é praticamente um "paraiso metereologico" os Verões são quentes, solarengos e longos, os Invernos não são muito rigorosos o que é que se quer mais?!

Anónimo disse...

O K?! termina já em Setembro =/ tenho de ver se ainda apanho um este ano para terminar o verão em beleza!...e quanto ao post até podias ter inventado todas essas estatísticas mas eu acreditava à mesma...eu vejo bem que as pessoas já não apreciam um fim de tarde numa esplanada a apanhar sol, já não apreciam um piquenique, preferem ficar encafuados numa sala de concerto a ver um concerto ao ar livre...ainda por cima jazz, que soa bem melhor com uma brisa de verão a acariciar-nos a cara enquanto nos sentamos confortavelmente na relva de um jardim, de preferência em boa companhia! se calhar os lisboetas tem medo da natureza o que não faz sentido já que Lisboa é praticamente um "paraiso metereologico" os Verões são quentes, solarengos e longos, os Invernos não são muito rigorosos o que é que se quer mais?!

Anónimo disse...

Excelente texto e grande visão nessa foto, Zé! A pagar, a organização do OutJazz não conseguiria melhor publicidade... Também lá estive e fiquei com vontade de lá voltar no próximo Domingo! Infelizmente em Lisboa há uma tendência de muita gente nova(incluindo eu) sair até muito tarde no Sábado, e depois no Domingo durante o dia não ter grandes programas. Temos de fazer um esforço para inverter essa tendência! Abraços Andre B

Trivia disse...

Apesar das estatísticas terem origem na imaginação... tenho de dizer que é lógico que os portugueses andem menos de bicicleta e muitas coisas mais. Primeiro e aplica-se a variadas estatísticas, Somos preguiçosos! e segundo, em relação a andar de bicleta...eu cá não ando de certeza, Portugal é sempre a subir e a descer. Se for pa andar em zonas planas tudo bem..mas nada de masoquismos. obrigada pela partilha

Ice Cream disse...

São estatisticas muito boas e quem sabe bem verdadeiras (:

Nia disse...

Um tratado! Gostei muito.

ecila disse...

Os portugueses riem em média mais do que qualquer outro povo europeu, com 18 minutos de riso por dia. Os alemaes, por exemplo, riem 6 minutos diários e estao na média europeia de riso. Estes dados vieram de um estudo austriaco publicado em algumas revistas de saúde alemaes. Apenas uma curiosidade :)