
domingo, 31 de maio de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
Praia da Mareta

Uma das coisas mais giras de ter um blogue onde se partilha o que quer que seja que nos rodeia é que, por cada vez que nos deslocamos, a nossa publicação se desloca também. Porque o que quer que aqui se partilhe acaba sempre por levar também muito dos nossos dias, das nossas vivências e das nossas recordações. A Praia da Mareta é apenas um desses muitos sítios. Um tanto ou quanto inusitado para uma publicação à qual me habituei a ouvir chamar de “blogue de moda” mas, na verdade, o mais óbvio dos sítios para aquilo que não é mais que uma página pessoal. E é por isso que quando publico uma foto da Mareta estou a fazer mais que partilhar uma imagem bonita de uma pessoa inspiradora. Estou também a documentar aquilo que é a minha vida, a minha (segunda) juventude e aqueles que me são próximos. E dou-me agora conta, com todo esta conversa, que não fotografava aqui há cinco anos. Desde 2010. Desde que fotografei o Bernardo, o Vitório e estes miúdos cujos nomes não me lembro. E no fundo ao publicar esta foto estou, mais que a partilhar o que quer que seja, a documentar a minha memoria futura. Que é como quem diz, a assegurar que um dia mais tarde ela não se me varre das recordações
terça-feira, 24 de março de 2015
Alexandre








Não fotografo com a mesma frequência. Porque é raro sair de casa com a máquina na mão mas também porque, das raras vezes que o faço, pareço necessitar de mais motivos para abordar alguém. Nenhum motivo em concreto. Ou pelo menos nenhum que me ocorra especificar. Se bem que agora parece fácil. A imagem do Alexandre na sua bicicleta a rolar sobre uma superfície grafitada com a Vasco da Gama em pano de fundo. Foi esse o motivo
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Faz hoje meia dúzia de anos que publiquei aqui a primeira foto
Este
Verão descobri que o 31 de Agosto é o dia mundial do blogue. Daquilo que li e ouvi percebi duas coisas. A primeira é que boa parte do interesse que os media descobrem nos blogues é por via da criação, por parte
dos chamados famosos, das suas páginas pessoais (assumindo sequer, pese embora a irrelevância que essa questão representa para mim, que terá sentido
chamar de “blogue ou página pessoal” a algo que, pelo que percebi, nem sempre é gerido pela própria pessoa). A segunda, que me
importa bastante mais, é que o único foco ou interesse que foi atribuído à
blogosfera é aquele que aparece pela via comercial. O Alfaiate faz hoje 6 anos. E uma
das coisas que mais me orgulho (que não faz de mim melhor nem pior, faz-me
apenas sentir bem com isso) é que a abordagem editorial deste blogue foi sempre
a mesma. Viessem cá 10, 100, 1 000 ou 10 000 pessoas por dia. E é isso que digo
sempre que alguém me “acusa” de esquecer este blogue. Digo que é impossível
estar esquecido. Que (quase) tudo o que conquistei profissionalmente na última
meia dúzia de anos decorre directa ou indirectamente daquilo que fiz aqui e do
que aqui foi feito me permitiu fazer noutros sítios. Mas voltando a 31 de
Agosto... Hoje, sobre os blogues, parece importar apenas o retorno que geram a
quem pague para ter lá os seus produtos ou serviços. E não, não me faz confusão
alguma que se ganhe dinheiro com um blogue (até porque fiquei bastante contente da primeira vez que isso me aconteceu). Nem mesmo que se
ganhe dinheiro com os conteúdos de um blogue (ainda que, por opção pessoal, sempre me tenha recusado a fazê-lo). Mas faz-me confusão
que se ganhe dinheiro com um blogue falando com as pessoas como se se tivesse
acordado uma manhã a pensar num produto ou serviço quando na verdade se foi despertado por um e-mail ao qual se respondeu
com um orçamento. Faz-me confusão que se passe
por cima (ou pelo menos foi isso que senti que os media fizeram) de tudo aquilo que – na minha cabeça – é
afinal um blogue. Gosto de pensar que se entrasse num blogue de menswear encontraria as marcas ou produtos que mais inspiram o
seu autor e não aquelas que entenderam dispensar-lhe parte do orçamento.
Que se procuro um apaixonado por viagens ele me vai sugerir os insights mais genuínos sobre um
local e não o hotel que oferece uma estadia anual à sua família.
Talvez me bastasse avistar alguma coisa que identificasse, de alguma forma, as publicações contratadas porque - apesar de absolutamente elementar - não parece estar claro para muitas das referências cibernáuticas que aquilo que alguém se dispõe a pagar-lhes não é um conteúdo editorial (admitindo que, alguma coisa de editorial um conteúdo dessa natureza possa ter).
Talvez me bastasse pensar que um blogue ainda é, mais que outra coisa qualquer, um
espaço onde determinada pessoa publica aquilo que pensa ou em que mais
acredita. Talvez me bastasse saber que, quando a natureza de um artigo é comercial, essa informação é dada ao leitor (reconhecendo que orçamentos e transferências bancárias não são necessariamente mutuamente exclusivos da simpatia pessoal que alguém que está a ser pago possa, por hipótese, nutrir genuinamente por determinado produto ou serviço). Ou será que o futuro, se me permitem a caricatura, é visitar
um blogue assinado por um político de direita e ler um artigo que
lhe foi encomendado por um partido de esquerda (ou vice-versa)? É que o presente passa já por assistir a que se digam maravilhas sobre o que quer que seja porque, chamando às coisas aquilo pelas
quais elas pedem para ser chamadas, houve lugar a um pagamento. Não sou o Velho do Restelo nem os blogues têm que permanecer como
nasceram, estáticos e imutáveis, ao sabor da minha vontade. E posso até aceitar, apesar de lhe reconhecer pouca dignidade, a tese de que cada um faz o que quer e bem lhe apetece no seu próprio espaço. Gosto apenas de pensar que a verdade e o respeito pelo próximo (ainda
mais por aquele que nos lê) são tendências intemporais, não importa o ano nem a estação. É espectacular e tremendamente inspirador pensar numa dada plataforma onde eu ou outro qualquer Zé
ninguém possa publicar de forma livre e gratuita o que quer que seja e (se for o caso), com os seus méritos e deméritos, conquistar uma legião de
seguidores, passar a escrever para ali, a fotografar para acolá ou a fazer para o resto do mundo o
que quer que seja que o seu blogue atestou que realizava ou executava de forma tão singular. Mas não me parece correcto mentir às pessoas. E menos correcto ainda (tal é o surrealismo moral da coisa) me parece mentir a quem nos segue e que, precisamente por o fazer, é responsável pelo nosso
sucesso, mudança de vida ou o que quer que determinado blogue tenha feito pela biografia do seu autor. Por aqui não se preocupem. Censurem-me as vezes que acharem
necessário por cá vir menos do que devia. Mas retenham o seguinte: como há
exactamente 6 anos ou no dia que aqui vieram pela primeira vez... e para o bem
e para o mal... por aqui está tudo na mesma
sexta-feira, 5 de dezembro de 2014
Ines
E, ainda que pouco provável,
os (re)encontros sucedem-se. Não a tivesse já fotografado há mais de 4 anos e a menos de um quilómetro de distância
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
segunda-feira, 7 de julho de 2014
segunda-feira, 23 de junho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Pitti Uomo (Michael, day-by-day)
Fui pela 1ª vez
à Pitti Uomo.
Uma marca pediu-me que fizesse imagens
de toda aquela ambiência. A feira é brutal, há marcas interessantíssimas e
visitantes também. Mas confesso que me senti esmagado por tantas câmaras,
lentes e fotografias. De tal forma que tudo o que menos me apetecia fazer ali
era fotografar alguém. Como se tudo aquilo estivesse, algures, nos precisos
antípodas de momentos como este
ou aquele.
Como se tudo aquilo desconhecesse que é possível, de verdade, encontrar gente
inspiradora no mais inusitado dos espaços. Num qualquer local do mundo onde quem
quer que abordemos estranhe verdadeiramente o nosso pedido. Chegue até a
desconfiar dele. Mas que depois de 30 segundos de conversa e um sorriso genuíno
acabe a deixar-se fotografar por um estranho. Quando vi o Michael junto
aquelas escadas achei que era das poucas imagens que poderiam ter sido tiradas
fora daquela confusão, de todo aquele bulício, de toda aquela feira de vaidades
com pêlos na cara. E quando, no dia seguinte, o vi ali outra vez, percebi que
havia ainda outros dois momentos a registar e disse-lhe:
–
Acredito que seja difícil de acreditar mas... as
tuas fotografias são as únicas que quero para mim.
Apenas ele, em cada um dos dias que a feira existiu. Sem pompa,
circunstância nem a mais leve edição. Sem esperar sequer que desocupassem a
escada. Apenas ele, nas escadarias que o conduziam ao stand da marca da qual faz parte
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
5 anos
Todos os anos neste dia, ao acordar, puxo o portátil para o meu colo e venho aqui dizer-vos porque
é que esta página é tão importante para mim. Não vos consigo explicar porque
raio o adágio que decreta que não devemos deixar para amanhã aquilo que pode ser
iniciado hoje mesmo não se aplica aqui e porque seria desprovido de sentido para mim ter
começado a preparar este texto ontem, antes da data exacta, para assim
me assegurar que hoje de manhã me limitaria a tentar eliminar todos
os pequenos obstáculos ao seu melhor fluxo que escapam sempre numa primeira
abordagem ao quer que se escreva. Não vos consigo explicar porque é que sabia
perfeitamente que não precisaria de qualquer alarme para estar seguro que hoje,
por volta das 7h, haveria de acordar, dar uma vista de olhos nas redes sociais e nas notícias do dia, responder a
dois ou três e-mails, pagar as contas e, a dada altura, depois de terminar essa
meia dúzia de tarefas corriqueiras, me dedicaria ao acto sagrado de vir aqui
escrever este texto que, dou-me agora conta, também ele exprime uma acção e um
propósito rotineiro, ainda que pautados por 365 dias de intervalo. Não vos
consigo explicar porque é que hoje, voltarei a passar aqui meia dúzia de vezes
e, em todas elas, voltarei a ler este texto e em todas elas procederei a pequenas
alterações ínfimas das quais nenhum de vós se dará conta nem lhes reconheceria sentido. Como talvez não vos conseguirei explicar porque é que, à semelhança
de mais uma ou duas outra datas na minha vida (mas mais ainda que todas elas
juntas), à efeméride pessoal do 2º de Janeiro se me aplica tão bem aquele verso do Sérgio
Godinho que ele próprio define como “frase batida”. Mas consigo perceber,
melhor que nunca, o quão abençoado foi a decisão de criar um blogue. De criar este blogue. Hoje,
dou-me conta da importância desta figura e daquilo que ela representa. Ela
representa um espaço livre, gratuito e ilimitado onde, qualquer pessoa com
acesso on-line, pode estar em contacto com o mundo. E parece-me que a maior parte
daqueles que a ela recorre não se deu conta do valor que esta
ferramenta tem, da transformação profunda que ela inscreve no mundo e no
capital democrático que ela representa (há afinal, uma diferença enorme entre viver num país livre e, vivendo num pais livre, ter à disposição canais
onde, efectivamente, se possa partilhar e veicular aquilo que mais nos inspira
ou preocupa). A relação entre sujeito comum e mundo mudou radicalmente e hoje,
nenhum de nós está destinado a ser um mero espectador ou consumidor de
conteúdos. O sujeito está no centro de toda esta dialéctica e deixou de
ser apenas o destinatário dos
conteúdos mas também o seu autor, editor e publicação. E o valor de mercado do seu conteúdo é encontrado no preciso ponto que melhor definir o valor que conseguir acrescentar aos
outros. Pela minha parte, fica aqui a garantia que jamais condicionarei o que
quer que seja nesta página para que esse ponto fique algures acima de
onde se encontra agora. Mas importa lembrar que, não fosse esse vosso reconhecimento,
e a localização – não importa exactamente onde – desse tal ponto que define o meu
valor (ou a falta dele) e eu jamais poderia viver de ideias ou projectos que,
directa ou indirectamente, nasceram com este blogue. É por isso justo dizer que, se a minha
vida mudou radicalmente porque há 5 anos iniciei este blogue, ela mudou na
precisa medida daquilo que cada um de vós tornou possível. Por isso, se venho
aqui menos vezes, se vos parece às vezes que esqueci esta página, essa aparência deve-se
apenas ao pequeno detalhe que jamais virei aqui por outro motivo que
não a minha vontade. Mas sempre que o fizer, será com a tesão e o vigor de sempre. Com a
certeza eterna de que não estarei nunca focado em vos agradar (mas
eternamente grato pelo vosso agrado)
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Gosto tanto disto
Dela, da luz, dos pés descalços, do casaco e da feira onde me disse que o havia comprado
[esta publicação pode ser vista aqui também]
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Cristina
Como em qualquer projecto há sempre pelo menos duas formas (ou ideais tipo) de levar as coisas. Por gosto ou até à exaustão. E mesmo que houvesse optado pela segunda seria difícil que, em nenhuma situação, tivesse experimentado aquela sensação frustrante de pensar “gostava tanto de fazer esta foto”. Decidi-me pela primeira das opções o que, se por um lado promove a paixão pelo ofício como o motor de todo o projecto por outro... abre espaço ao custo de oportunidade. O irritante custo de pensar em todas as oportunidades que perdi de fotografar pessoas que gostaria que aqui estivessem. Pessoas que não fotografei porque deliberei que o projecto me devia servir a mim e não o seu preciso contrario e, naqueles dias como em tantos outros, havia sentenciado que a minha felicidade não passava por sair de casa com a máquina na mão. Claro que a equação para a minha felicidade pessoal mudou radicalmente no momento em que vi a Cristina. Por sorte, tinha acabado de passar por um casal de namorados a quem tinha expresso a minha surpresa pelo equipamento que utilizavam para fotografar e, com a lata do costume, voltei a eles e perguntei:
Importam-se que experimente a vossa lente com a Cristina?
[esta publicação pode ser vista aqui também]
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
O velho e o lago
Quem me conhece bem sabe que não me limitei a tirar esta fotografia. Sabe que subi àquela rocha. Que arranjei alguém que me fotografasse no seu lugar. Que me fotografasse a mim e ao Ilija juntos, em amena cavaqueira, a tentar a sorte com os peixes que por ali havia, voltados para o lado albanês do lago. Na verdade não acho que o Ilija seja velho. Até porque a velhice, pelo menos até certa idade - qual instinto de sobrevivência - está sempre duas gerações à nossa frente, longe o suficiente para que nos possamos sentar descansados sem preocupações de maior. Porque não somos velhos nem novos, somos apenas o centro do nosso mundo e é com ele por referência que o que quer que viva ou ocorra neste planeta é alto, baixo, gordo, magro, feliz, triste, inteligente ou burro, clarividente, obtuso, estupidamente interessante ou anormalmente aborrecido. E o Ilija, apesar de técnica e cientificamente possível, dificilmente seria meu avô. E, podendo ele ser meu pai, dificilmente me referiria a ele como velho. Até porque os velhos, por definição, estão mais perto da morte e ninguém, tenha 20 ou 60 anos, se sente confortável a pensar na morte dos pais. E tenho, de facto, uma foto sozinho naquela rocha. E umas quantas com o Ilija. Por sorte tinha a Amanda perto, uma de quatro australianas com quem passei quatro dias e quatro noites porque nos conhecemos numa estação de serviço onde o táxi delas e o meu autocarro haviam cruzado itinerários. E a Amanda é uma fotógrafa do %#&#ª§£. Na verdade, uma fotógrafa de moda do %#&#ª§£. O tipo de pessoa que nos garante uma dúzia de belos retratos para a posterioridade. E realmente, as fotografias, são a melhor memória para as vivências. E aquilo que eu guardo deste lago são quatro australianas, com quem depois de ter trocado e-mails num apeadeiro macedónio, me encontrei mais tarde para jantar e por quem me apaixonei. Parece um bocado estranho mas foi isso que aconteceu. Apaixonei-me por aquelas gajas. E com elas permaneci como se, naqueles quatro dias, houvesse ali uma espécie de irmandade. E uma delas, às vezes, me confidenciava algo sobre a outra, a mesma outra que umas horas depois me diz qualquer coisa sobre a “uma delas” do início da frase. E assim, principiava a sentir também que fazia parte daquele grupo. Que também eu compareceria na inauguração na casa nova da Karolina, em Melbourne. E acho que, de todas as semanas que passei a viajar este Verão, os dias que tive com estas gajas foram os mais bonitos que vivi. A sensação de encontrar alguém que simultaneamente conhecemos tão pouco e de quem aparentemente gostamos tanto é, talvez pela sua efemeridade, uma das mais bonitas que já senti. E há um momento bonito. Particularmente bonito. O da despedida. Momento que não fotografei. Nem a Amanda. Se bem que, para vos ser bem sincero, gostava de ter essa imagem gravada. Não que a minha figura de calções de banho, t-shirt pendurada à cintura, chapéu de palha e sandálias de plástico merecesse aqui pertencer. Ou a das quatro, sentadas ao pequeno-almoço, a insistirem para me juntar a elas na Grécia. Gostava de ter esse momento guardado porque sei que estava feliz. Porque deixava um momento bonito mas suspeitava já que me metia noutro. Num carro com quatro holandeses com quem fui à boleia até Belgrado e que me pouparam demasiadas horas de comboio e autocarro. Quatro holandeses que estavam boquiabertos pelos detalhes que a minha memória havia retido sobre o Euro 88 (a única competição internacional de selecções que a Holanda ganhou algum dia em futebol). Quatro holandeses que tinham um concurso devidamente organizado com 256 concorrentes, desde cantoras e actrizes conhecidas de meio mundo, uma ou outra artista porno, umas quantas celebridades holandesas e até a namorada de um deles. O concurso que elegeria ali, naquele dia e naquele carro, a “gaja mais boa do mundo”. Diz-me o Laurens: “José, não leves a mal, não podes participar nesta eleição porque não conheces as holandesas, não seria justo”. “Claro que não” respondo, contendo o riso para não beliscar o tom sério com que o meu novo amigo me comunica tão solene decisão. A minha opinião ficou registada como o 5º e último factor de desempate mas não consegui gerar lobby suficiente para evitar que a Mónica Belluci fosse eliminada nos quartos-de-final. Mas vivi tudo isto há mais de um mês. Por algum motivo achei que ainda não tinha chegado o dia de escrever o texto sem o qual dificilmente publicaria esta fotografia. Por algum motivo foi preciso meter-me num comboio em Braga de volta a Lisboa e ter sete senhoras deliciosas (seguramente mais velhas que o Ilija mas a quem sou incapaz de chamar “velhas”) a meterem-se comigo para que, quando uma delas se refere a mim como “o senhor” pensar:
- %£&#-$@, mas esta velha trata-me por “senhor”? (afinal sou capaz...)
Como se ficasse ofendido, na irracionalidade mais pura, por uma suposta velha, na sua qualidade de senhora educada, me fazer sentir menos novo. E aí, pela indelicadeza do meu pensamento, me lembrei do Ilija. Porque o nome deste post estava já traçado desde o momento que o fotografei. Lembrei-me do Ilija, da Karolina, da Amanda, da Aneta, da Tash, do Bas, do Chiel, do Kosse e do Laurens. E de muitos outros também. E pensei. Esta senhora amorosa a quem acabei de chamar velha lembrou-me de uma outra indelicadeza que tenho de cometer. A de chamar velho ao Ilija. Aquele senhor simpático que conheci com as miúdas por quem me apaixonei num jantar à beira-lago. O Ilija, o senhor que estava em Kaneo, o ponto mais bonito do Lago Ohrid, naquela rocha em frente à casa onde nasceu a sua mulher. A sua mulher, aquela senhora que me havia acenado da janela. A mãe do rapaz que, há dois dias, me escreveu a pedir as fotos que eu e a Amanda havíamos feito ao seu pai
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Calanque de Sugiton
Quando apanhamos um comboio em Santa Apolónia de mochila às costas, boné na cabeça e os ténis (que nos pareceram) mais confortáveis não estamos, por uma meia dúzia de bons motivos, com muitas expectativas de alimentar uma página deste género. E, na verdade, o único motivo pelo qual parei em Marselha foi a hora, cujo adiantar, não me permitia chegar a tempo de ficar numa daquelas localidades que personificam o imaginário típico do sul de França. Marselha teria sido o elo mais fraco de uma viagem cujos propósitos estavam perspectivados dois meridianos à frente. Mas Marselha é (não me ocorre nada melhor que assegurar, a pés juntos, que é genuinamente) linda. Poderão chamar-lhe suja, chunga ou simplesmente perigosa (e, ao que parece, há boa dose de estatísticas a suportar, por ordem crescente, cada uma destas acusações). Mas é linda. Percebo que carros de matrícula francesa com ocupantes que a muitos outros franceses lhes custaria apelidar de compatriotas, a acelerar por ruas estreitas, em plena madrugada, à mesma velocidade com que entro na A5 não serão, entre outras coisas, o melhor dos cartões de visitas para a actual Capital Europeia da Cultura. Mas há algo ali que ultrapassa tudo isso. E, por mais que custe a muito francês admiti-lo, parte da receita decorre precisamente da sua aura magrebina. E da sua natureza mediterrânica. Que é o mesmo que dizer que os Calanques, aquelas formações calcárias profundas e escarpadas parcialmente submergidas pelo mar, são das coisas mais bonitas que vi em toda a minha vida. Tanto me fascinaram que, quando me fui em direcção a Belgrado, tinha por seguro que ali haveria de regressar na volta. Mas claro está. Algo mais me prendeu ali. A Claire, a Anne-Sophie, uma canadiana cujo nome não recordo agora, o Andrew, a Sophia, a Natalie e a Katie a quem, a meio da tarde, já toda o grupo havia elogiado o fato de banho. E se ainda me impacta mais esta foto que a do casal de regresso ao seu veleiro (e eu gosto mesmo muito daquele casal) é curioso como para mim, esta bela imagem da Katie, é apenas uma amostra de todos outros momentos que tenho guardados (uns valentes megabytes e critérios visuais abaixo desta imagem) do dia quente nos Calanques e do jantar que o sucedeu. Porque, quando me meti num vagão em Santa Apolónia, eram esses momentos que buscava. Os tais que privilegiavam o trato familiar com aparentes desconhecidos a quem nos dirigimos como velhos amigos que propriamente méritos estéticos. A Katie foi, por assim dizer, uma espécie de surpresa. Uma bela surpresa
[a Katie pode
ser vista aqui também]
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Hydra
Vi-os ao longe.
Se hesitei? Claro que hesitei (imaginem a minha figura a esbracejar e gritar).
Mas gritei. Bem alto. Como me ouviam mas não me conseguiam perceber lá acabaram
por se acercar. E disse-lhes, sem grandes explicações, que lhes queria tirar
uma fotografia. “Uma grande fotografia” assegurei-lhes categoricamente. Tempo
para lhes passar o cartão com o meu e-mail e fazer meia dúzia de fotos. Perdão...
grandes fotos
[cinco da tal meia dúzia de fotos podem ser vistas aqui]
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Esta foi por uma boa causa
Provavelmente,
mais que qualquer outra pessoa no mundo, acredito que cada uma das fotografias
que aqui aparece é – pelo simples facto de aqui estar – uma boa
causa. O que acho é que há um ou dois punhados delas que têm um sentido ainda
maior. Uma causa (ainda) mais bonita. Uma causa que o sorriso da Matilde serve
nesta imagem. Como servem os sorrisos da Carolina e do Miguel. Os sorrisos da Sónia, da Sofia e do Manel. E os da Clara e do Gonçalo.
[esta publicação pode ser vista aqui também]
quarta-feira, 24 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Excepção à regra
Não são desconhecidos. É o meu afilhado e a namorada. Não os encontrei por acaso na rua. Liguei-lhes. Para isto
[esta publicação pode ser vista aqui também]
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Osiris
Estendi-lhe a mão, apresentei-me e quando
ouvi o nome disse:
- Osiris? Curioso.. a primeira pessoa
que fotografei em Madrid chamava-se Osiris.
Ao que ela responde "não conheço
ninguém que se chame Osiris". E insisto "estou seguro
que o seu nome
era Osiris". Encara-me com uma atenção redobrada, como se me tentasse
alcançar a umas dezenas de metros e pronuncia:
- Alfaiate?
Sorrio (e com o meu sorriso faço-a sorrir também) e dou-me
conta que, afinal, estávamos
ambos tremendamente certos. Era Osiris que se
chamava a tal rapariga que havia sido a
primeira de muitas fotos em Madrid. E
estava também certa a Osiris pela estranheza com
que encarou sequer a
possibilidade de eu ter fotografado antes uma homónima sua. Havíamo-nos cruzado
um dia, três anos antes, em plena Calle Serrano: aqui
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Hot in here
Não digo
asneiras. Quer dizer. Digo. Na verdade cada um dos que já passou aqui é até
potencial testemunha de que também as escrevo. Mas quando digo que não as digo
digo-o pelo simples facto de acreditar verdadeiramente que só as digo quando
sou confrontado com o que quer que seja que me obriga a dizer aquilo que em teoria
não me deveria permitir fazer (o que, na verdade, me parece o mais ilustre dos
sofismas para justificar a minha própria brejeirice). Digo-o quando vejo a
minha equipa perder de forma inglória, digo quando o meu companheiro de equipa
não corre aquilo que entendo que deveria correr, digo quando presencio alguma
injustiça ou, tão simplesmente, digo quando sinto o que quer que senti no
momento em que tirei esta fotografia. Digo-o porque vejo algo que me impacta de
forma tal que não consigo deixar de dizer aquilo que sempre me ensinaram que não
deveria fazer. Porque como já havia dito aqui, a imagem certa da miúda certa a
mexer na porção, também ela certa, de cabelo certo é, fora da
sua intimidade, o mais belo e feminino dos gestos permitido a uma mulher. E foi
por isso, única e exclusivamente por isso... que o disse
[esta e outras imagens deste mesmo momento podem também ser vistas aqui]
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