segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Pitti Uomo (Michael, day-by-day)
Fui pela 1ª vez
à Pitti Uomo.
Uma marca pediu-me que fizesse imagens
de toda aquela ambiência. A feira é brutal, há marcas interessantíssimas e
visitantes também. Mas confesso que me senti esmagado por tantas câmaras,
lentes e fotografias. De tal forma que tudo o que menos me apetecia fazer ali
era fotografar alguém. Como se tudo aquilo estivesse, algures, nos precisos
antípodas de momentos como este
ou aquele.
Como se tudo aquilo desconhecesse que é possível, de verdade, encontrar gente
inspiradora no mais inusitado dos espaços. Num qualquer local do mundo onde quem
quer que abordemos estranhe verdadeiramente o nosso pedido. Chegue até a
desconfiar dele. Mas que depois de 30 segundos de conversa e um sorriso genuíno
acabe a deixar-se fotografar por um estranho. Quando vi o Michael junto
aquelas escadas achei que era das poucas imagens que poderiam ter sido tiradas
fora daquela confusão, de todo aquele bulício, de toda aquela feira de vaidades
com pêlos na cara. E quando, no dia seguinte, o vi ali outra vez, percebi que
havia ainda outros dois momentos a registar e disse-lhe:
–
Acredito que seja difícil de acreditar mas... as
tuas fotografias são as únicas que quero para mim.
Apenas ele, em cada um dos dias que a feira existiu. Sem pompa,
circunstância nem a mais leve edição. Sem esperar sequer que desocupassem a
escada. Apenas ele, nas escadarias que o conduziam ao stand da marca da qual faz parte
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
5 anos
Todos os anos neste dia, ao acordar, puxo o portátil para o meu colo e venho aqui dizer-vos porque
é que esta página é tão importante para mim. Não vos consigo explicar porque
raio o adágio que decreta que não devemos deixar para amanhã aquilo que pode ser
iniciado hoje mesmo não se aplica aqui e porque seria desprovido de sentido para mim ter
começado a preparar este texto ontem, antes da data exacta, para assim
me assegurar que hoje de manhã me limitaria a tentar eliminar todos
os pequenos obstáculos ao seu melhor fluxo que escapam sempre numa primeira
abordagem ao quer que se escreva. Não vos consigo explicar porque é que sabia
perfeitamente que não precisaria de qualquer alarme para estar seguro que hoje,
por volta das 7h, haveria de acordar, dar uma vista de olhos nas redes sociais e nas notícias do dia, responder a
dois ou três e-mails, pagar as contas e, a dada altura, depois de terminar essa
meia dúzia de tarefas corriqueiras, me dedicaria ao acto sagrado de vir aqui
escrever este texto que, dou-me agora conta, também ele exprime uma acção e um
propósito rotineiro, ainda que pautados por 365 dias de intervalo. Não vos
consigo explicar porque é que hoje, voltarei a passar aqui meia dúzia de vezes
e, em todas elas, voltarei a ler este texto e em todas elas procederei a pequenas
alterações ínfimas das quais nenhum de vós se dará conta nem lhes reconheceria sentido. Como talvez não vos conseguirei explicar porque é que, à semelhança
de mais uma ou duas outra datas na minha vida (mas mais ainda que todas elas
juntas), à efeméride pessoal do 2º de Janeiro se me aplica tão bem aquele verso do Sérgio
Godinho que ele próprio define como “frase batida”. Mas consigo perceber,
melhor que nunca, o quão abençoado foi a decisão de criar um blogue. De criar este blogue. Hoje,
dou-me conta da importância desta figura e daquilo que ela representa. Ela
representa um espaço livre, gratuito e ilimitado onde, qualquer pessoa com
acesso on-line, pode estar em contacto com o mundo. E parece-me que a maior parte
daqueles que a ela recorre não se deu conta do valor que esta
ferramenta tem, da transformação profunda que ela inscreve no mundo e no
capital democrático que ela representa (há afinal, uma diferença enorme entre viver num país livre e, vivendo num pais livre, ter à disposição canais
onde, efectivamente, se possa partilhar e veicular aquilo que mais nos inspira
ou preocupa). A relação entre sujeito comum e mundo mudou radicalmente e hoje,
nenhum de nós está destinado a ser um mero espectador ou consumidor de
conteúdos. O sujeito está no centro de toda esta dialéctica e deixou de
ser apenas o destinatário dos
conteúdos mas também o seu autor, editor e publicação. E o valor de mercado do seu conteúdo é encontrado no preciso ponto que melhor definir o valor que conseguir acrescentar aos
outros. Pela minha parte, fica aqui a garantia que jamais condicionarei o que
quer que seja nesta página para que esse ponto fique algures acima de
onde se encontra agora. Mas importa lembrar que, não fosse esse vosso reconhecimento,
e a localização – não importa exactamente onde – desse tal ponto que define o meu
valor (ou a falta dele) e eu jamais poderia viver de ideias ou projectos que,
directa ou indirectamente, nasceram com este blogue. É por isso justo dizer que, se a minha
vida mudou radicalmente porque há 5 anos iniciei este blogue, ela mudou na
precisa medida daquilo que cada um de vós tornou possível. Por isso, se venho
aqui menos vezes, se vos parece às vezes que esqueci esta página, essa aparência deve-se
apenas ao pequeno detalhe que jamais virei aqui por outro motivo que
não a minha vontade. Mas sempre que o fizer, será com a tesão e o vigor de sempre. Com a
certeza eterna de que não estarei nunca focado em vos agradar (mas
eternamente grato pelo vosso agrado)
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