quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Gosto tanto disto

I like this picture so much

Dela, da luz, dos pés descalços, do casaco e da feira onde me disse que o havia comprado


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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cristina

Cristina

Como em qualquer projecto há sempre pelo menos duas formas (ou ideais tipo) de levar as coisas. Por gosto ou até à exaustão. E mesmo que houvesse optado pela segunda seria difícil que, em nenhuma situação, tivesse experimentado aquela sensação frustrante de pensar “gostava tanto de fazer esta foto”. Decidi-me pela primeira das opções o que, se por um lado promove a paixão pelo ofício como o motor de todo o projecto por outro... abre espaço ao custo de oportunidade. O irritante custo de pensar em todas as oportunidades que perdi de fotografar pessoas que gostaria que aqui estivessem. Pessoas que não fotografei porque deliberei que o projecto me devia servir a mim e não o seu preciso contrario e, naqueles dias como em tantos outros, havia sentenciado que a minha felicidade não passava por sair de casa com a máquina na mão. Claro que a equação para a minha felicidade pessoal mudou radicalmente no momento em que vi a Cristina. Por sorte, tinha acabado de passar por um casal de namorados a quem tinha expresso a minha surpresa pelo equipamento que utilizavam para fotografar e, com a lata do costume, voltei a eles e perguntei:
Importam-se que experimente a vossa lente com a Cristina?

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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Provavelmente

A camisa oriental

A camisa de homem mais bonita que já fotografei

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Momento de uma noite de Verão

Maria

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Crepúsculo em Braga

Braga

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terça-feira, 1 de outubro de 2013

O velho e o lago

O velho e o lago

Quem me conhece bem sabe que não me limitei a tirar esta fotografia. Sabe que subi àquela rocha. Que arranjei alguém que me fotografasse no seu lugar. Que me fotografasse a mim e ao Ilija juntos, em amena cavaqueira, a tentar a sorte com os peixes que por ali havia, voltados para o lado albanês do lago. Na verdade não acho que o Ilija seja velho. Até porque a velhice, pelo menos até certa idade - qual instinto de sobrevivência - está sempre duas gerações à nossa frente, longe o suficiente para que nos possamos sentar descansados sem preocupações de maior. Porque não somos velhos nem novos, somos apenas o centro do nosso mundo e é com ele por referência que o que quer que viva ou ocorra neste planeta é alto, baixo, gordo, magro, feliz, triste, inteligente ou burro, clarividente, obtuso, estupidamente interessante ou anormalmente aborrecido. E o Ilija, apesar de técnica e cientificamente possível, dificilmente seria meu avô. E, podendo ele ser meu pai, dificilmente me referiria a ele como velho. Até porque os velhos, por definição, estão mais perto da morte e ninguém, tenha 20 ou 60 anos, se sente confortável a pensar na morte dos pais. E tenho, de facto, uma foto sozinho naquela rocha. E umas quantas com o Ilija. Por sorte tinha a Amanda perto, uma de quatro australianas com quem passei quatro dias e quatro noites porque nos conhecemos numa estação de serviço onde o táxi delas e o meu autocarro haviam cruzado itinerários. E a Amanda é uma fotógrafa do  %#&#ª§£. Na verdade, uma fotógrafa de moda do %#&#ª§£. O tipo de pessoa que nos garante uma dúzia de belos retratos para a posterioridade. E realmente, as fotografias, são a melhor memória para as vivências. E aquilo que eu guardo deste lago são quatro australianas, com quem depois de ter trocado e-mails num apeadeiro macedónio, me encontrei mais tarde para jantar e por quem me apaixonei. Parece um bocado estranho mas foi isso que aconteceu. Apaixonei-me por aquelas gajas. E com elas permaneci como se, naqueles quatro dias, houvesse ali uma espécie de irmandade. E uma delas, às vezes, me confidenciava algo sobre a outra, a mesma outra que umas horas depois me diz qualquer coisa sobre a “uma delas” do início da frase. E assim, principiava a sentir também que fazia parte daquele grupo. Que também eu compareceria na inauguração na casa nova da Karolina, em Melbourne. E acho que, de todas as semanas que passei a viajar este Verão, os dias que tive com estas gajas foram os mais bonitos que vivi. A sensação de encontrar alguém que simultaneamente conhecemos tão pouco e de quem aparentemente gostamos tanto é, talvez pela sua efemeridade, uma das mais bonitas que já senti. E há um momento bonito. Particularmente bonito. O da despedida. Momento que não fotografei. Nem a Amanda. Se bem que, para vos ser bem sincero, gostava de ter essa imagem gravada. Não que a minha figura de calções de banho, t-shirt pendurada à cintura, chapéu de palha e sandálias de plástico merecesse aqui pertencer. Ou a das quatro, sentadas ao pequeno-almoço, a insistirem para me juntar a elas na Grécia. Gostava de ter esse momento guardado porque sei que estava feliz. Porque deixava um momento bonito mas suspeitava já que me metia noutro. Num carro com quatro holandeses com quem fui à boleia até Belgrado e que me pouparam demasiadas horas de comboio e autocarro. Quatro holandeses que estavam boquiabertos pelos detalhes que a minha memória havia retido sobre o Euro 88 (a única competição internacional de selecções que a Holanda ganhou algum dia em futebol). Quatro holandeses que tinham um concurso devidamente organizado com 256 concorrentes, desde cantoras e actrizes conhecidas de meio mundo, uma ou outra artista porno, umas quantas celebridades holandesas e até a namorada de um deles. O concurso que elegeria ali, naquele dia e naquele carro, a “gaja mais boa do mundo”. Diz-me o Laurens: “José, não leves a mal, não podes participar nesta eleição porque não conheces as holandesas, não seria justo”. “Claro que não” respondo, contendo o riso para não beliscar o tom sério com que o meu novo amigo me comunica tão solene decisão. A minha opinião ficou registada como o 5º e último factor de desempate mas não consegui gerar lobby suficiente para evitar que a Mónica Belluci fosse eliminada nos quartos-de-final. Mas vivi tudo isto há mais de um mês. Por algum motivo achei que ainda não tinha chegado o dia de escrever o texto sem o qual dificilmente publicaria esta fotografia. Por algum motivo foi preciso meter-me num comboio em Braga de volta a Lisboa e ter sete senhoras deliciosas (seguramente mais velhas que o Ilija mas a quem sou incapaz de chamar “velhas”) a meterem-se comigo para que, quando uma delas se refere a mim como “o senhor” pensar:
%£&#-$@, mas esta velha trata-me por “senhor”? (afinal sou capaz...)
Como se ficasse ofendido, na irracionalidade mais pura, por uma suposta velha, na sua qualidade de senhora educada, me fazer sentir menos novo. E aí, pela indelicadeza do meu pensamento, me lembrei do Ilija. Porque o nome deste post estava já traçado desde o momento que o fotografei. Lembrei-me do Ilija, da Karolina, da Amanda, da Aneta, da Tash, do Bas, do Chiel, do Kosse e do Laurens. E de muitos outros também. E pensei. Esta senhora amorosa a quem acabei de chamar velha lembrou-me de uma outra indelicadeza que tenho de cometer. A de chamar velho ao Ilija. Aquele senhor simpático que conheci com as miúdas por quem me apaixonei num jantar à beira-lago. O Ilija, o senhor que estava em Kaneo, o ponto mais bonito do Lago Ohrid, naquela rocha em frente à casa onde nasceu a sua mulher. A sua mulher, aquela senhora que me havia acenado da janela. A mãe do rapaz que, há dois dias, me escreveu a pedir as fotos que eu e a Amanda havíamos feito ao seu pai