segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Gosto tanto disto
Dela, da luz, dos pés descalços, do casaco e da feira onde me disse que o havia comprado
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Cristina
Como em qualquer projecto há sempre pelo menos duas formas (ou ideais tipo) de levar as coisas. Por gosto ou até à exaustão. E mesmo que houvesse optado pela segunda seria difícil que, em nenhuma situação, tivesse experimentado aquela sensação frustrante de pensar “gostava tanto de fazer esta foto”. Decidi-me pela primeira das opções o que, se por um lado promove a paixão pelo ofício como o motor de todo o projecto por outro... abre espaço ao custo de oportunidade. O irritante custo de pensar em todas as oportunidades que perdi de fotografar pessoas que gostaria que aqui estivessem. Pessoas que não fotografei porque deliberei que o projecto me devia servir a mim e não o seu preciso contrario e, naqueles dias como em tantos outros, havia sentenciado que a minha felicidade não passava por sair de casa com a máquina na mão. Claro que a equação para a minha felicidade pessoal mudou radicalmente no momento em que vi a Cristina. Por sorte, tinha acabado de passar por um casal de namorados a quem tinha expresso a minha surpresa pelo equipamento que utilizavam para fotografar e, com a lata do costume, voltei a eles e perguntei:
Importam-se que experimente a vossa lente com a Cristina?
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
O velho e o lago
Quem me conhece bem sabe que não me limitei a tirar esta fotografia. Sabe que subi àquela rocha. Que arranjei alguém que me fotografasse no seu lugar. Que me fotografasse a mim e ao Ilija juntos, em amena cavaqueira, a tentar a sorte com os peixes que por ali havia, voltados para o lado albanês do lago. Na verdade não acho que o Ilija seja velho. Até porque a velhice, pelo menos até certa idade - qual instinto de sobrevivência - está sempre duas gerações à nossa frente, longe o suficiente para que nos possamos sentar descansados sem preocupações de maior. Porque não somos velhos nem novos, somos apenas o centro do nosso mundo e é com ele por referência que o que quer que viva ou ocorra neste planeta é alto, baixo, gordo, magro, feliz, triste, inteligente ou burro, clarividente, obtuso, estupidamente interessante ou anormalmente aborrecido. E o Ilija, apesar de técnica e cientificamente possível, dificilmente seria meu avô. E, podendo ele ser meu pai, dificilmente me referiria a ele como velho. Até porque os velhos, por definição, estão mais perto da morte e ninguém, tenha 20 ou 60 anos, se sente confortável a pensar na morte dos pais. E tenho, de facto, uma foto sozinho naquela rocha. E umas quantas com o Ilija. Por sorte tinha a Amanda perto, uma de quatro australianas com quem passei quatro dias e quatro noites porque nos conhecemos numa estação de serviço onde o táxi delas e o meu autocarro haviam cruzado itinerários. E a Amanda é uma fotógrafa do %#&#ª§£. Na verdade, uma fotógrafa de moda do %#&#ª§£. O tipo de pessoa que nos garante uma dúzia de belos retratos para a posterioridade. E realmente, as fotografias, são a melhor memória para as vivências. E aquilo que eu guardo deste lago são quatro australianas, com quem depois de ter trocado e-mails num apeadeiro macedónio, me encontrei mais tarde para jantar e por quem me apaixonei. Parece um bocado estranho mas foi isso que aconteceu. Apaixonei-me por aquelas gajas. E com elas permaneci como se, naqueles quatro dias, houvesse ali uma espécie de irmandade. E uma delas, às vezes, me confidenciava algo sobre a outra, a mesma outra que umas horas depois me diz qualquer coisa sobre a “uma delas” do início da frase. E assim, principiava a sentir também que fazia parte daquele grupo. Que também eu compareceria na inauguração na casa nova da Karolina, em Melbourne. E acho que, de todas as semanas que passei a viajar este Verão, os dias que tive com estas gajas foram os mais bonitos que vivi. A sensação de encontrar alguém que simultaneamente conhecemos tão pouco e de quem aparentemente gostamos tanto é, talvez pela sua efemeridade, uma das mais bonitas que já senti. E há um momento bonito. Particularmente bonito. O da despedida. Momento que não fotografei. Nem a Amanda. Se bem que, para vos ser bem sincero, gostava de ter essa imagem gravada. Não que a minha figura de calções de banho, t-shirt pendurada à cintura, chapéu de palha e sandálias de plástico merecesse aqui pertencer. Ou a das quatro, sentadas ao pequeno-almoço, a insistirem para me juntar a elas na Grécia. Gostava de ter esse momento guardado porque sei que estava feliz. Porque deixava um momento bonito mas suspeitava já que me metia noutro. Num carro com quatro holandeses com quem fui à boleia até Belgrado e que me pouparam demasiadas horas de comboio e autocarro. Quatro holandeses que estavam boquiabertos pelos detalhes que a minha memória havia retido sobre o Euro 88 (a única competição internacional de selecções que a Holanda ganhou algum dia em futebol). Quatro holandeses que tinham um concurso devidamente organizado com 256 concorrentes, desde cantoras e actrizes conhecidas de meio mundo, uma ou outra artista porno, umas quantas celebridades holandesas e até a namorada de um deles. O concurso que elegeria ali, naquele dia e naquele carro, a “gaja mais boa do mundo”. Diz-me o Laurens: “José, não leves a mal, não podes participar nesta eleição porque não conheces as holandesas, não seria justo”. “Claro que não” respondo, contendo o riso para não beliscar o tom sério com que o meu novo amigo me comunica tão solene decisão. A minha opinião ficou registada como o 5º e último factor de desempate mas não consegui gerar lobby suficiente para evitar que a Mónica Belluci fosse eliminada nos quartos-de-final. Mas vivi tudo isto há mais de um mês. Por algum motivo achei que ainda não tinha chegado o dia de escrever o texto sem o qual dificilmente publicaria esta fotografia. Por algum motivo foi preciso meter-me num comboio em Braga de volta a Lisboa e ter sete senhoras deliciosas (seguramente mais velhas que o Ilija mas a quem sou incapaz de chamar “velhas”) a meterem-se comigo para que, quando uma delas se refere a mim como “o senhor” pensar:
- %£&#-$@, mas esta velha trata-me por “senhor”? (afinal sou capaz...)
Como se ficasse ofendido, na irracionalidade mais pura, por uma suposta velha, na sua qualidade de senhora educada, me fazer sentir menos novo. E aí, pela indelicadeza do meu pensamento, me lembrei do Ilija. Porque o nome deste post estava já traçado desde o momento que o fotografei. Lembrei-me do Ilija, da Karolina, da Amanda, da Aneta, da Tash, do Bas, do Chiel, do Kosse e do Laurens. E de muitos outros também. E pensei. Esta senhora amorosa a quem acabei de chamar velha lembrou-me de uma outra indelicadeza que tenho de cometer. A de chamar velho ao Ilija. Aquele senhor simpático que conheci com as miúdas por quem me apaixonei num jantar à beira-lago. O Ilija, o senhor que estava em Kaneo, o ponto mais bonito do Lago Ohrid, naquela rocha em frente à casa onde nasceu a sua mulher. A sua mulher, aquela senhora que me havia acenado da janela. A mãe do rapaz que, há dois dias, me escreveu a pedir as fotos que eu e a Amanda havíamos feito ao seu pai
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Calanque de Sugiton
Quando apanhamos um comboio em Santa Apolónia de mochila às costas, boné na cabeça e os ténis (que nos pareceram) mais confortáveis não estamos, por uma meia dúzia de bons motivos, com muitas expectativas de alimentar uma página deste género. E, na verdade, o único motivo pelo qual parei em Marselha foi a hora, cujo adiantar, não me permitia chegar a tempo de ficar numa daquelas localidades que personificam o imaginário típico do sul de França. Marselha teria sido o elo mais fraco de uma viagem cujos propósitos estavam perspectivados dois meridianos à frente. Mas Marselha é (não me ocorre nada melhor que assegurar, a pés juntos, que é genuinamente) linda. Poderão chamar-lhe suja, chunga ou simplesmente perigosa (e, ao que parece, há boa dose de estatísticas a suportar, por ordem crescente, cada uma destas acusações). Mas é linda. Percebo que carros de matrícula francesa com ocupantes que a muitos outros franceses lhes custaria apelidar de compatriotas, a acelerar por ruas estreitas, em plena madrugada, à mesma velocidade com que entro na A5 não serão, entre outras coisas, o melhor dos cartões de visitas para a actual Capital Europeia da Cultura. Mas há algo ali que ultrapassa tudo isso. E, por mais que custe a muito francês admiti-lo, parte da receita decorre precisamente da sua aura magrebina. E da sua natureza mediterrânica. Que é o mesmo que dizer que os Calanques, aquelas formações calcárias profundas e escarpadas parcialmente submergidas pelo mar, são das coisas mais bonitas que vi em toda a minha vida. Tanto me fascinaram que, quando me fui em direcção a Belgrado, tinha por seguro que ali haveria de regressar na volta. Mas claro está. Algo mais me prendeu ali. A Claire, a Anne-Sophie, uma canadiana cujo nome não recordo agora, o Andrew, a Sophia, a Natalie e a Katie a quem, a meio da tarde, já toda o grupo havia elogiado o fato de banho. E se ainda me impacta mais esta foto que a do casal de regresso ao seu veleiro (e eu gosto mesmo muito daquele casal) é curioso como para mim, esta bela imagem da Katie, é apenas uma amostra de todos outros momentos que tenho guardados (uns valentes megabytes e critérios visuais abaixo desta imagem) do dia quente nos Calanques e do jantar que o sucedeu. Porque, quando me meti num vagão em Santa Apolónia, eram esses momentos que buscava. Os tais que privilegiavam o trato familiar com aparentes desconhecidos a quem nos dirigimos como velhos amigos que propriamente méritos estéticos. A Katie foi, por assim dizer, uma espécie de surpresa. Uma bela surpresa
[a Katie pode
ser vista aqui também]
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Hydra
Vi-os ao longe.
Se hesitei? Claro que hesitei (imaginem a minha figura a esbracejar e gritar).
Mas gritei. Bem alto. Como me ouviam mas não me conseguiam perceber lá acabaram
por se acercar. E disse-lhes, sem grandes explicações, que lhes queria tirar
uma fotografia. “Uma grande fotografia” assegurei-lhes categoricamente. Tempo
para lhes passar o cartão com o meu e-mail e fazer meia dúzia de fotos. Perdão...
grandes fotos
[cinco da tal meia dúzia de fotos podem ser vistas aqui]
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
quarta-feira, 31 de julho de 2013
Esta foi por uma boa causa
Provavelmente,
mais que qualquer outra pessoa no mundo, acredito que cada uma das fotografias
que aqui aparece é – pelo simples facto de aqui estar – uma boa
causa. O que acho é que há um ou dois punhados delas que têm um sentido ainda
maior. Uma causa (ainda) mais bonita. Uma causa que o sorriso da Matilde serve
nesta imagem. Como servem os sorrisos da Carolina e do Miguel. Os sorrisos da Sónia, da Sofia e do Manel. E os da Clara e do Gonçalo.
[esta publicação pode ser vista aqui também]
quarta-feira, 24 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Excepção à regra
Não são desconhecidos. É o meu afilhado e a namorada. Não os encontrei por acaso na rua. Liguei-lhes. Para isto
[esta publicação pode ser vista aqui também]
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Osiris
Estendi-lhe a mão, apresentei-me e quando
ouvi o nome disse:
- Osiris? Curioso.. a primeira pessoa
que fotografei em Madrid chamava-se Osiris.
Ao que ela responde "não conheço
ninguém que se chame Osiris". E insisto "estou seguro
que o seu nome
era Osiris". Encara-me com uma atenção redobrada, como se me tentasse
alcançar a umas dezenas de metros e pronuncia:
- Alfaiate?
Sorrio (e com o meu sorriso faço-a sorrir também) e dou-me
conta que, afinal, estávamos
ambos tremendamente certos. Era Osiris que se
chamava a tal rapariga que havia sido a
primeira de muitas fotos em Madrid. E
estava também certa a Osiris pela estranheza com
que encarou sequer a
possibilidade de eu ter fotografado antes uma homónima sua. Havíamo-nos cruzado
um dia, três anos antes, em plena Calle Serrano: aqui
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Hot in here
Não digo
asneiras. Quer dizer. Digo. Na verdade cada um dos que já passou aqui é até
potencial testemunha de que também as escrevo. Mas quando digo que não as digo
digo-o pelo simples facto de acreditar verdadeiramente que só as digo quando
sou confrontado com o que quer que seja que me obriga a dizer aquilo que em teoria
não me deveria permitir fazer (o que, na verdade, me parece o mais ilustre dos
sofismas para justificar a minha própria brejeirice). Digo-o quando vejo a
minha equipa perder de forma inglória, digo quando o meu companheiro de equipa
não corre aquilo que entendo que deveria correr, digo quando presencio alguma
injustiça ou, tão simplesmente, digo quando sinto o que quer que senti no
momento em que tirei esta fotografia. Digo-o porque vejo algo que me impacta de
forma tal que não consigo deixar de dizer aquilo que sempre me ensinaram que não
deveria fazer. Porque como já havia dito aqui, a imagem certa da miúda certa a
mexer na porção, também ela certa, de cabelo certo é, fora da
sua intimidade, o mais belo e feminino dos gestos permitido a uma mulher. E foi
por isso, única e exclusivamente por isso... que o disse
[esta e outras imagens deste mesmo momento podem também ser vistas aqui]
domingo, 23 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Vega
Luís. Acho que
se chamava Luís. Fez-me sinal na direcção delas e interrogou-me “sabes quem
são?”. “Devia?” perguntei. Na verdade afirmei perante mim “que sim que devia” mesmo
que, senão por outro qualquer motivo, pelo resultado imaginético que se
adivinhava. A tarefa ficou simplificada uma vez que, casualidade ou não, convidaram
a Vega a sentar-se ao meu lado naquele pátio sevilhano onde tomava o pequeno
almoço. Só horas depois, quando a voltei a encontrar a meio da tarde, fiz este
retrato. Mas foi de manhã. Foi de manhã que vi a Vega e uma amiga sua. Uma
loira e outra morena como se, aquela imagem que havia captado a minha atenção,
do Luís e a de quem quer que ali estivesse, fizesse parte de um qualquer trecho
visual dedicado à mais intemporal das feminilidades. E perdi essa foto, em
parte porque também eu queria contemplá-las e desfrutar do momento de forma
discreta sem abordagens, fotografias ou apresentações. E, por outro lado,
porque não me parecia bem deixar o tal Luís ali pendurado. O mesmo Luís que me havia
perguntado “sabes quem são?”. A quem respondi interrogando “devia?” quando na
verdade, feitas as contas, afirmava perante mim mesmo “que sim que devia”.
Porquê? Porque quando olhei para a Vega vi uma virgem. Daquelas virgens por
quem terroristas suicidas suspiram antes de se fazerem rebentar sobre um
qualquer local onde, momentos depois, restará apenas sofrimento e dor. Como se,
olhando para ela, encontrasse uma tal humanidade nesses homens a quem, pela
violência dos seus actos, me custa sempre reconhecer tal atributo. E lembrei-me
de tudo isto enquanto percorria o casco antigo de Sevilha. Enquanto percorria
aquelas ruelas estreitas e pensava no quanto gostaria de fazer ali uma foto.
Que a particularidade deste conceito de retratar, quem por casualidade passa do
outro lado da rua, me impede de ter assegurado uma fotografia onde quer que me
apeteça fazê-la. E, ao percorrer o Bairro de Santa Cruz, sinto as pedras das
quais a sola do meu calçado não me protege. E chego a uma praça linda. Não se
chama Velazquez nem Goya. Nem Alfonso XI, nem XII nem XIII. Nem Camilo José Cela
nem Miguel de Cervantes Saavedra. Chama-se Elvira. Doña Elvira. Onde voltei um
dia depois. Porque até há duas linhas era o dia x. O dia em que recordei a Vega, o seu encanto e o de Sevilha. Em
que caminhei até ao ponto em que parecia sentir já os pedregulhos da calçada em
contacto directo com os meus pés. Porque hoje que vos escrevo é dia x+1. E estou de novo em Doña Elvira. Na
verdade estou duplamente com ela já que, para além de me encontrar naquela
praça, me sento à mesa do restaurante que se apropriou também do seu nome.
Sento-me, peço uma folha de papel e uma esferográfica. Vou já, neste preciso
momento, nas costas da segunda folha que pedi entretanto. E recordo agora que
por culpa da Vega olhei com humanidade para a imagem do terrorista suicida. Por
causa da rapariga que entra (com a amiga, em tons mais escuros, igualmente
bela) por aquele pátio sevilhano e faz com que o Luís me pergunte “sabes quem
são?”. A quem contesto por intermédio de uma interrogação quando, na verdade,
sabemo-lo agora tão bem, confirmo apenas perante mim mesmo “que sim que devia”.
A Vega. Não resisto e digo “que nome bonito”. Que é, seguramente, uma das
formas mais elementares e desprovidas de arte de se elogiar uma mulher. Mas é
que Vega é lindo. Ela parece não desconfiar e eu, francamente, não tenho como
lhe explicar. Não pode imaginar que, aquele pequeno-almoço num pátio sevilhano
no dia x-1, me há-se servir de
inspiração para, no dia x, enquanto
caminho e sorrio por aquelas ruas e ruelas onde os pedras que emergem do solo me
agridem os pés, pensar em algo que escrevo, neste momento, no dia x+1, sentado no restaurante situado na
praça de mesmo nome que não pertence a um prémio Nobel, artista ou antigo monarca
do nosso país vizinho. Pertence somente a Elvira. Doña Elvira. E nesse momento
sinto-me rendido às mais simples e prosaicas sensações da vida. À brisa (quase
que) fresca que se faz sentir nessa esplanada ou ao encanto que Vega deixará
sobre mim, o terrorista suicida, o Luís, qualquer uma das pessoas que estava
naquele pátio sevilhano ou qualquer outra que visite este blogue. E quando
penso nisso esqueço-me até da planta dos meus pés sovada por aquela calçada
antiga que o meu calçado de Verão não se ocupa de proteger. Vega soa-me o mais
bonito dos nomes. Desmesuradamente belo. Ela parece não desconfiar e eu,
francamente, não tenho como lhe explicar. Mas Vega é belo. Independentemente do
que ela própria considerar sobre o nome que lhe pertence. E torna-se ainda mais
belo naquele pátio fresco daquela cidade insuportavelmente quente com uma gente
desmesuradamente simpática e orgulhosa. Porque o meu fascínio por aquela imagem
matinal de uma loira e uma morena a irromper por entre o meu pequeno-almoço não
eclipsa por um segundo a consciência sobre onde estou. Estou em Sevilha. E em
Sevilha encontrei as gentes mais orgulhosas da sua terra. Porque em Sevilha ouvi
– da boca do pai de um rapariga que ali conheci – o mais bonito dos ditos
nativos. Dizia ele, sem qualquer trejeito ou laivo de ironia:
– Sabe o que me dá pena? A mim... A mim dá-me pena
a gente que não nasceu em Sevilha.
Pois a mim dá-me
pena quem não viu aquilo que eu vi quando o Luís me perguntou “sabes quem são?”
e eu, na mais cínica das retóricas, lhe perguntei “devia?” quando já todos
estamos fartos de saber que murmurava perante mim mesmo “que sim que devia, claro que devia”
[esta publicação
pode também ser vista aqui (e desconfio, a partir do momento em que se conta, por aqui também)]
quinta-feira, 6 de junho de 2013
domingo, 2 de junho de 2013
quarta-feira, 29 de maio de 2013
quarta-feira, 22 de maio de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Três momentos de uma única imagem
Sou observador. Mas distraído também. Reparei nas meias de uma delas quando subia a Garret. E num outro elemento de uma segunda destas miúdas numa loja do Bairro Alto. Lembro-me de sair para atender uma chamada e de, no momento em que a termino, estar virado para uma loja de roupa em segunda mão. Está ali há tanto tempo que – apesar do potencial de me tornar seu cliente ser perto de nulo – me apeteceu entrar. Ao entrar reparo numa rapariga bonita (porque, se me é permitido, antes de ser um gajo com um blogue sou apenas um gajo) e, ao sair, dou-me conta que a tal rapariga está com cada uma das miúdas em quem havia reparado antes. E, cansado, afundado no egoísmo de quem não lhe apetece esperar, sem querer interromper a busca do vestido perfeito (mas interrompendo) lá perguntei (sem lhes falar desta sucessão de encontros num espaço de cinco minutos):
– Vai uma foto?
[estes momentos podem ser vistos aqui também]
quarta-feira, 8 de maio de 2013
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Marc & Pere
Lembrei-me agora
que, quando descobri uma certa hesitação nos seus rostos, lhes disse (deixando
de lado aquela dose de humildade que fica bem não interessa a “quem”):
- Eu não quero
apenas fazer-vos uma foto. Eu quero fazer-vos, senão “a”, pelo menos "uma das" fotos das
vossas vidas.
Menos mal, quando ontem se viram aqui, escreveram-me a dizer que o consegui
quarta-feira, 24 de abril de 2013
She's still sexy when she sweats
Acho que, em miúdo, a minha concepção de “estar bem vestido” me transportava, directamente, para um dado momento envolvido numa dada formalidade integrando, muito provavelmente, um dado evento realizado para celebrar uma dada ocasião. Ter-me-á, provavelmente, sido transmitido por uma avó ou uma amiga através de um comportamento mais ou menos efusivo, mais ou menos alambazado, num dia em que tivesse o cabelo irrepreensivelmente penteado e em que, eu mesmo, pelas opções que eu ou os meus pais tivessem tomado no que à minha indumentária diz respeito, me sentisse... mais “bem vestido”. Algures no liceu ter-me-ei deparado com o conceito de “ter estilo” e uns quantos sinónimos em jeito de calão (uns mais ridículos que outros) que, imagino, conferissem por essas alturas um dado capital social a quem as proferisse. E “estar bem vestido”, “ter estilo” ou o que quer que queiramos chamar a alguém que, pela forma como se apresenta diante de nós, nos cativa visualmente (por motivos que extravasam, objectivamente, uma dada anatomia corporal ou facial) deixou de, na minha cabeça, ser prerrogativa de um determinado momento, ocasião ou formalidade. E quantas vezes me diziam “devias era fotografar aqui ou ali porque as pessoas vão assim ou assado” quando é, precisamente, nos sítios onde há uma expectativa de encontrar pessoas que perderam mais tempo que o costume a pensar no que hão-de vestir que menos vontade tenho de fotografar. E é precisamente por causa desta lógica que esta fotografia me fazia falta há tanto tempo. Provavelmente desde que, no paredão de Carcavelos, me havia cruzado com um casal de amigos que me tinha deixado a pensar qualquer coisa como “até a transpirar aqueles sacanas têm pinta”. E é curioso porque foi justamente quando estava a transpirar com o mesmo casal que me havia deixado a pensar nessa imagem (diametralmente oposta àquela que, em miúdo, esmagado entre beijinhos e amassos, me fazia ouvir “estás tão lindo”) que vi a Sara e lhe disse que – por mais estranho que lhe pudesse parecer – gostaria de lhe fazer uma foto. E não queria fazê-lo num outro contexto qualquer. Queria fazê-lo, precisamente, à saída do ginásio
[esta publicação pode ser vista aqui também]
quarta-feira, 17 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
As miúdas que me fizeram perguntar ao meu amigo que ia a conduzir
"importas-te de voltar ao Largo da Graça e voltar a descer? é que acho que ainda apanho aquelas miúdas ali junto a São Vicente"
[as miúdas podem ser vistas aqui também]
sexta-feira, 5 de abril de 2013
A beleza das coisas simples
Quando se é
autor de uma publicação como esta uma das piores sensações que se pode
experimentar é sentir que não estamos à altura da situação. E não estar à
altura da situação é, por exemplo, não ter a máquina connosco quando estamos
perante alguém que adoraríamos ter por aqui. Não estar à altura da situação é
sentir que temos um blogue que mudou a nossa vida e não lhe prestamos sequer a
deferência de transportar a câmara connosco quando saímos de casa. No contracto
social que tenho comigo mesmo enquanto autor deste blogue está algures
decretado que não farei jamais o que quer que seja que não me apeteça fazer.
Que não transportarei a máquina quando me apetecer dar uma volta de mãos nos
bolsos, que não andarei à procura de alguém nem que se tenham passado duas semanas
sem fotografar ou que não redigirei um texto apenas porque faz tempo que não
escrevo um. E sinceramente, acho que é esse o segredo para continuar a vir a
esta página com prazer. Talvez não a visite ou edite tão frequentemente como
dantes. Talvez se passe um mês sem espreitar as estatísticas (que há 2, 3 e 4
anos verificaria diariamente) e talvez uma data de pequenas coisas que, se no
passado me preocupavam, hoje não me dou sequer conta delas. Mas há coisas que
não mudam. E uma delas é o gozo que tudo isto ainda me vai dando. O gozo que é
sair para comprar pão, manteiga ou leite (ou o que quer que me faltasse para um
pequeno almoço de Sábado) e tirar uma(s) fotografia(s) desta(s). O tal gozo que
me fez iniciar este blogue. O gozo de me cruzar algures nesta capital (cada vez
menos) periférica com pessoas que o nosso senso diário entende como “comuns”. O
tal conceito de pessoa que podemos encontrar ao nosso lado na escola, num banco
(instituição financeira ou assento estreito e comprido colocado num jardim),
num escritório, num atelier, numa oficina ou numa superfície comercial. O tal
conceito de pessoas que o nosso imaginário idealiza encontrar no metro, no
eléctrico, no autocarro, na passadeira ou no semáforo. O tal tipo de pessoa que
de tão genérico que é deixa de ser um tipo. E é neste momento que me recordo
daquilo que achei outrora ser o maior propósito deste blogue. Um elogio à
suposta banalidade. Um elogio aquilo que temos por “comum” (adj. 2g: do uso ou domínio de todos os de um lugar ou
colectividade; que acontece ou se encontra com frequência ou facilidade; que
tem características que se encontram em muitos exemplares; que é considerado
geral, habitual normal) [in
dicionário Priberam da Língua Portuguesa]. E agora que olho para esta imagem (cuja
simplicidade – umas botas e uma gabardina – serve tão bem este propósito) e me
lembro que foi tirada num Sábado de manhã enquanto esperava que chegassem as
carcaças que me iriam servir de pequeno almoço dou-me conta que, das 1001
coisas que me propus fazer na vida, esta tal de elogiar a suposta banalidade (e
de dar o devido valor às pequenas simplicidades da vida), foi seguramente a que
cumpri melhor
[estas mesmas coisas simples podem ser vista aqui]
quarta-feira, 27 de março de 2013
Afinal o desequilíbrio também é uma coisa gira
[uma sequência gira deste mesmo desequilíbrio pode ser vista aqui; outras imagens mais equilibradas desta mesma face podem ser vistas ali]
quarta-feira, 20 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
quarta-feira, 13 de março de 2013
Carolina (e o seu "robe-de-rue")
Quando vi a Carolina em frente a Serralves não lhe disse mas comentei comigo próprio que aquele casaco/trechcoat/ou-o-que-raio-lhe-queiram-chamar me fazia lembrar o roupão que ainda hoje está pendurado na porta do meu quarto em casa dos meus pais. Aliás, lembro-me de o exibir orgulhosamente na única pajama party para a qual fui convidado e de pensar que era uma pena não haver uma peça de roupa para usar fora de casa que se pudesse inspirar, de alguma forma, naquele bonito pedaço de lã. Pelos vistos alguém na Zara (não *#$#&@$ ninguém me pagou para dizer a marca, gostei tanto que desta vez fiz questão de perguntar) também deve ter, em casa dos pais ou dos avós, um roupão que nunca na vida vai querer deitar fora
[uma sequência gira deste mesmo roupão de trazer pela rua pode ser vista aqui; outros roupões e adereços desta mesma mesma Carolina podem ser vistos ali]
quarta-feira, 6 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Impactante
(descobri, por quem aqui vem comentar, que a rapariga impactante tem um blogue; aqui fica ele)
[esta publicação pode ser vista aqui também]
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
(também sei fazer) Cara de má
Dizia, no
outro dia, que as pessoas que aqui aparecem têm também o poder de
condicionar o que aqui acontece no futuro. Esta fotografia é prova disso mesmo.
Quando aceitei este trabalho perguntaram-me
se havia algum miúdo que eu gostaria de fotografar. E eu, acabado de me
apresentar à Leonor em pleno Miradouro
de São Pedro de Alcântara, encolhi os ombros e disse:
– Há aquela
miúda que fotografei no outro dia, a Leonor. A mãe escreveu-me, posso perguntar
se acha graça à ideia.
Assim foi. E
quando, naquele dia ao chegar ao Jardim da Estrela, vi a Leonor pela segunda
vez, percebi que o que quer que tivesse visto quando a havia avistado pela
primeira não era – como aliás já desconfiava – uma mera coincidência. E mais
não digo, que já começo a temer pelo ego da pequena
[a cara de má da
Leonor pode ser vista aqui também]
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Shunnoz & Tekasala
Às vezes
perguntam-me por quanto mais tempo me imagino a fazer isto. Quanto mais tempo
me imagino com pachorra para abordar gente aqui e ali. E sempre digo que haverá
um dia em que por isto, aquilo e um monte de motivos mais deixará de ter
sentido para mim assinar isto. Não sei quando virá esse dia (nem o vislumbro no
horizonte) mas, volta e meia, alguém me lembra porque é que não o sinto
aproximar. Foi isso que o Shunnoz e o Tekasala me fizeram sentir na passada
sexta-feira. Fizeram-me sentir que, quando temos por objecto toda a humanidade
(ou, pelo menos, a pequena amostra que o destino nos oferece), dificilmente
arriscamos o fastio. Porque quando saio de mim e me esforço por distanciar de
tudo isto dou-me conta do número de idiomas, acentos, localizações geográficas,
credos religiosos, ampla diversidade cultural e visual que cada uma destas
pessoas me oferece. E quando vamos visitar uns amigos a Alfragide e damos de
caras com o Shunnoz e o Tekasala há algo que se torna evidente. Torna-se
evidente que tão cedo não me farto disto
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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
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