Heloísa
Eneida Menezes Pães Pinto Pinheiro. Foi ela a famosa Garota de Ipanema
que encantou o Jobim e o Moraes, o Brasil e o resto do mundo. “Ela tinha 18
anos, a garota de Ipanema, tão bela, tão simpática” recorda mais tarde o Vinicius, numa actuação em Milão (minuto 2:30). “Lembra Tom?” insiste. “Quando passava na frente
do bar, tomávamos... um aperitivo”. “Aperitivo?” pergunta o Jobim (num tom sério de quem não quer ser levado a sério). E o Moraes
faz que sim com a voz e com a cabeça, ao mesmo tempo que segura o microfone com uma
mão e pousa a outra no piano onde toca o amigo (que esboça um sorriso, como
quem desfruta também do charme com que aquele brasileiro velho presenteia a
plateia). Não é um cromo qualquer a tentar debitar umas palavras em italiano. É
o Moraes, o Vinicius de Moraes, a partilhar, num latim escorreito, a razão de
ser da lírica mais conhecida da Bossa Nova. “Nós a acompanhávamos até o mar”
lembra ele – antes de retomar aquele célebre refrão em uníssono com o Jobim
– naquele tom meio saudoso meio malandro que a um homem daquela idade confere
um encanto tão especial.
Não as
acompanhei ao mar mas escutei, já de costas, uma delas perguntar às demais
“vamos à água?”. Talvez um dia recorde com os meus amigos, sem piano nem
italiano, “aquelas miúdas que fotografei na praia”. Não importa. A questão é...
será que alguém levou o Tom Jobim e o Vinicius de Moraes à Praia Grande?