quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Faz hoje meia dúzia de anos que publiquei aqui a primeira foto
Este
Verão descobri que o 31 de Agosto é o dia mundial do blogue. Daquilo que li e ouvi percebi duas coisas. A primeira é que boa parte do interesse que os media descobrem nos blogues é por via da criação, por parte
dos chamados famosos, das suas páginas pessoais (assumindo sequer, pese embora a irrelevância que essa questão representa para mim, que terá sentido
chamar de “blogue ou página pessoal” a algo que, pelo que percebi, nem sempre é gerido pela própria pessoa). A segunda, que me
importa bastante mais, é que o único foco ou interesse que foi atribuído à
blogosfera é aquele que aparece pela via comercial. O Alfaiate faz hoje 6 anos. E uma
das coisas que mais me orgulho (que não faz de mim melhor nem pior, faz-me
apenas sentir bem com isso) é que a abordagem editorial deste blogue foi sempre
a mesma. Viessem cá 10, 100, 1 000 ou 10 000 pessoas por dia. E é isso que digo
sempre que alguém me “acusa” de esquecer este blogue. Digo que é impossível
estar esquecido. Que (quase) tudo o que conquistei profissionalmente na última
meia dúzia de anos decorre directa ou indirectamente daquilo que fiz aqui e do
que aqui foi feito me permitiu fazer noutros sítios. Mas voltando a 31 de
Agosto... Hoje, sobre os blogues, parece importar apenas o retorno que geram a
quem pague para ter lá os seus produtos ou serviços. E não, não me faz confusão
alguma que se ganhe dinheiro com um blogue (até porque fiquei bastante contente da primeira vez que isso me aconteceu). Nem mesmo que se
ganhe dinheiro com os conteúdos de um blogue (ainda que, por opção pessoal, sempre me tenha recusado a fazê-lo). Mas faz-me confusão
que se ganhe dinheiro com um blogue falando com as pessoas como se se tivesse
acordado uma manhã a pensar num produto ou serviço quando na verdade se foi despertado por um e-mail ao qual se respondeu
com um orçamento. Faz-me confusão que se passe
por cima (ou pelo menos foi isso que senti que os media fizeram) de tudo aquilo que – na minha cabeça – é
afinal um blogue. Gosto de pensar que se entrasse num blogue de menswear encontraria as marcas ou produtos que mais inspiram o
seu autor e não aquelas que entenderam dispensar-lhe parte do orçamento.
Que se procuro um apaixonado por viagens ele me vai sugerir os insights mais genuínos sobre um
local e não o hotel que oferece uma estadia anual à sua família.
Talvez me bastasse avistar alguma coisa que identificasse, de alguma forma, as publicações contratadas porque - apesar de absolutamente elementar - não parece estar claro para muitas das referências cibernáuticas que aquilo que alguém se dispõe a pagar-lhes não é um conteúdo editorial (admitindo que, alguma coisa de editorial um conteúdo dessa natureza possa ter).
Talvez me bastasse pensar que um blogue ainda é, mais que outra coisa qualquer, um
espaço onde determinada pessoa publica aquilo que pensa ou em que mais
acredita. Talvez me bastasse saber que, quando a natureza de um artigo é comercial, essa informação é dada ao leitor (reconhecendo que orçamentos e transferências bancárias não são necessariamente mutuamente exclusivos da simpatia pessoal que alguém que está a ser pago possa, por hipótese, nutrir genuinamente por determinado produto ou serviço). Ou será que o futuro, se me permitem a caricatura, é visitar
um blogue assinado por um político de direita e ler um artigo que
lhe foi encomendado por um partido de esquerda (ou vice-versa)? É que o presente passa já por assistir a que se digam maravilhas sobre o que quer que seja porque, chamando às coisas aquilo pelas
quais elas pedem para ser chamadas, houve lugar a um pagamento. Não sou o Velho do Restelo nem os blogues têm que permanecer como
nasceram, estáticos e imutáveis, ao sabor da minha vontade. E posso até aceitar, apesar de lhe reconhecer pouca dignidade, a tese de que cada um faz o que quer e bem lhe apetece no seu próprio espaço. Gosto apenas de pensar que a verdade e o respeito pelo próximo (ainda
mais por aquele que nos lê) são tendências intemporais, não importa o ano nem a estação. É espectacular e tremendamente inspirador pensar numa dada plataforma onde eu ou outro qualquer Zé
ninguém possa publicar de forma livre e gratuita o que quer que seja e (se for o caso), com os seus méritos e deméritos, conquistar uma legião de
seguidores, passar a escrever para ali, a fotografar para acolá ou a fazer para o resto do mundo o
que quer que seja que o seu blogue atestou que realizava ou executava de forma tão singular. Mas não me parece correcto mentir às pessoas. E menos correcto ainda (tal é o surrealismo moral da coisa) me parece mentir a quem nos segue e que, precisamente por o fazer, é responsável pelo nosso
sucesso, mudança de vida ou o que quer que determinado blogue tenha feito pela biografia do seu autor. Por aqui não se preocupem. Censurem-me as vezes que acharem
necessário por cá vir menos do que devia. Mas retenham o seguinte: como há
exactamente 6 anos ou no dia que aqui vieram pela primeira vez... e para o bem
e para o mal... por aqui está tudo na mesma
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