quarta-feira, 26 de junho de 2013

Hot in here

Hot in here

Não digo asneiras. Quer dizer. Digo. Na verdade cada um dos que já passou aqui é até potencial testemunha de que também as escrevo. Mas quando digo que não as digo digo-o pelo simples facto de acreditar verdadeiramente que só as digo quando sou confrontado com o que quer que seja que me obriga a dizer aquilo que em teoria não me deveria permitir fazer (o que, na verdade, me parece o mais ilustre dos sofismas para justificar a minha própria brejeirice). Digo-o quando vejo a minha equipa perder de forma inglória, digo quando o meu companheiro de equipa não corre aquilo que entendo que deveria correr, digo quando presencio alguma injustiça ou, tão simplesmente, digo quando sinto o que quer que senti no momento em que tirei esta fotografia. Digo-o porque vejo algo que me impacta de forma tal que não consigo deixar de dizer aquilo que sempre me ensinaram que não deveria fazer. Porque como já havia dito aqui, a imagem certa da miúda certa a mexer na porção, também ela certa, de cabelo certo é, fora da sua intimidade, o mais belo e feminino dos gestos permitido a uma mulher. E foi por isso, única e exclusivamente por isso... que o disse

[esta e outras imagens deste mesmo momento podem também ser vistas aqui]

domingo, 23 de junho de 2013

sexta-feira, 21 de junho de 2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vega

Vega & Sevilla


Luís. Acho que se chamava Luís. Fez-me sinal na direcção delas e interrogou-me “sabes quem são?”. “Devia?” perguntei. Na verdade afirmei perante mim “que sim que devia” mesmo que, senão por outro qualquer motivo, pelo resultado imaginético que se adivinhava. A tarefa ficou simplificada uma vez que, casualidade ou não, convidaram a Vega a sentar-se ao meu lado naquele pátio sevilhano onde tomava o pequeno almoço. Só horas depois, quando a voltei a encontrar a meio da tarde, fiz este retrato. Mas foi de manhã. Foi de manhã que vi a Vega e uma amiga sua. Uma loira e outra morena como se, aquela imagem que havia captado a minha atenção, do Luís e a de quem quer que ali estivesse, fizesse parte de um qualquer trecho visual dedicado à mais intemporal das feminilidades. E perdi essa foto, em parte porque também eu queria contemplá-las e desfrutar do momento de forma discreta sem abordagens, fotografias ou apresentações. E, por outro lado, porque não me parecia bem deixar o tal Luís ali pendurado. O mesmo Luís que me havia perguntado “sabes quem são?”. A quem respondi interrogando “devia?” quando na verdade, feitas as contas, afirmava perante mim mesmo “que sim que devia”. Porquê? Porque quando olhei para a Vega vi uma virgem. Daquelas virgens por quem terroristas suicidas suspiram antes de se fazerem rebentar sobre um qualquer local onde, momentos depois, restará apenas sofrimento e dor. Como se, olhando para ela, encontrasse uma tal humanidade nesses homens a quem, pela violência dos seus actos, me custa sempre reconhecer tal atributo. E lembrei-me de tudo isto enquanto percorria o casco antigo de Sevilha. Enquanto percorria aquelas ruelas estreitas e pensava no quanto gostaria de fazer ali uma foto. Que a particularidade deste conceito de retratar, quem por casualidade passa do outro lado da rua, me impede de ter assegurado uma fotografia onde quer que me apeteça fazê-la. E, ao percorrer o Bairro de Santa Cruz, sinto as pedras das quais a sola do meu calçado não me protege. E chego a uma praça linda. Não se chama Velazquez nem Goya. Nem Alfonso XI, nem XII nem XIII. Nem Camilo José Cela nem Miguel de Cervantes Saavedra. Chama-se Elvira. Doña Elvira. Onde voltei um dia depois. Porque até há duas linhas era o dia x. O dia em que recordei a Vega, o seu encanto e o de Sevilha. Em que caminhei até ao ponto em que parecia sentir já os pedregulhos da calçada em contacto directo com os meus pés. Porque hoje que vos escrevo é dia x+1. E estou de novo em Doña Elvira. Na verdade estou duplamente com ela já que, para além de me encontrar naquela praça, me sento à mesa do restaurante que se apropriou também do seu nome. Sento-me, peço uma folha de papel e uma esferográfica. Vou já, neste preciso momento, nas costas da segunda folha que pedi entretanto. E recordo agora que por culpa da Vega olhei com humanidade para a imagem do terrorista suicida. Por causa da rapariga que entra (com a amiga, em tons mais escuros, igualmente bela) por aquele pátio sevilhano e faz com que o Luís me pergunte “sabes quem são?”. A quem contesto por intermédio de uma interrogação quando, na verdade, sabemo-lo agora tão bem, confirmo apenas perante mim mesmo “que sim que devia”. A Vega. Não resisto e digo “que nome bonito”. Que é, seguramente, uma das formas mais elementares e desprovidas de arte de se elogiar uma mulher. Mas é que Vega é lindo. Ela parece não desconfiar e eu, francamente, não tenho como lhe explicar. Não pode imaginar que, aquele pequeno-almoço num pátio sevilhano no dia x-1, me há-se servir de inspiração para, no dia x, enquanto caminho e sorrio por aquelas ruas e ruelas onde os pedras que emergem do solo me agridem os pés, pensar em algo que escrevo, neste momento, no dia x+1, sentado no restaurante situado na praça de mesmo nome que não pertence a um prémio Nobel, artista ou antigo monarca do nosso país vizinho. Pertence somente a Elvira. Doña Elvira. E nesse momento sinto-me rendido às mais simples e prosaicas sensações da vida. À brisa (quase que) fresca que se faz sentir nessa esplanada ou ao encanto que Vega deixará sobre mim, o terrorista suicida, o Luís, qualquer uma das pessoas que estava naquele pátio sevilhano ou qualquer outra que visite este blogue. E quando penso nisso esqueço-me até da planta dos meus pés sovada por aquela calçada antiga que o meu calçado de Verão não se ocupa de proteger. Vega soa-me o mais bonito dos nomes. Desmesuradamente belo. Ela parece não desconfiar e eu, francamente, não tenho como lhe explicar. Mas Vega é belo. Independentemente do que ela própria considerar sobre o nome que lhe pertence. E torna-se ainda mais belo naquele pátio fresco daquela cidade insuportavelmente quente com uma gente desmesuradamente simpática e orgulhosa. Porque o meu fascínio por aquela imagem matinal de uma loira e uma morena a irromper por entre o meu pequeno-almoço não eclipsa por um segundo a consciência sobre onde estou. Estou em Sevilha. E em Sevilha encontrei as gentes mais orgulhosas da sua terra. Porque em Sevilha ouvi – da boca do pai de um rapariga que ali conheci – o mais bonito dos ditos nativos. Dizia ele, sem qualquer trejeito ou laivo de ironia:
– Sabe o que me dá pena? A mim... A mim dá-me pena a gente que não nasceu em Sevilha.

Pois a mim dá-me pena quem não viu aquilo que eu vi quando o Luís me perguntou “sabes quem são?” e eu, na mais cínica das retóricas, lhe perguntei “devia?” quando já todos estamos fartos de saber que murmurava perante mim mesmo “que sim que devia, claro que devia”

[esta publicação pode também ser vista aqui (e desconfio, a partir do momento em que se conta, por aqui também)]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Daniela

Daniela


[esta publicação pode ser vista aqui também]

domingo, 2 de junho de 2013