domingo, 28 de novembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Se “Madrid me mata”? Explico-te já porquê

Se "Madrid me mata"? Explico-te já porquê
Se "Madrid me mata"? Explico-te já porquê (2)

Eu simpatizo com o D. João IV. A sério que sim. E com o 1º de Dezembro. E com o respectivo feriado, à custa do qual costumo aproveitar sempre para zarpar lá para fora. E com o Palácio da Restauração onde fui em miúdo e nunca voltei para conhecer aquele restaurante para o qual a Time Out me convida, todas as 4ªs feiras, a ir almoçar por menos de 15€. Eu adoro tudo isto. Juro-vos que sim. Quase tanto quanto insultar hoquistas espanhóis naquelas finais ibéricas que acabavam invariavelmente à stickada. A sério que sim. Mas nem por isso senti algum dia ódio por Espanha ou lhe prometi menos simpatia do que aquela que sempre lhe tive. Orientei-lhe as minhas preces sempre que assistia a mais uma filha putice da ETA e caíram-me as lágrimas enquanto assistia ao caos em Atocha, meses depois de lá ter dormido aconchegado entre os sacos-cama das duas francesas com quem fui para Marrocos. Aplaudi-lhe os filmes, beijei-lhe as súbditas e tratei por “cabrón” amigos que fiz em viagem. E até a língua lhes respeito. A mesma com a qual a minha partilha “un montón” de provérbios. Aquela que não sendo a mais bonita é certamente a mais expressiva. Não escutei nunca um idioma onde qualquer que fosse a mensagem, esta me soasse tão genuína ou pujante como em castelhano. Como se o que quer que se verbalizasse em castelhano jamais pudesse ser reproduzido com igual vigor noutro idioma ou dialecto. Mas curiosamente, nunca o achei tão bonito como no Mar Adentro, onde o galego, com a sua quota-parte de ADN lusitano, gozava duma dose certa de suavidade que jamais lhe poderia ter sido feita chegar pela sua língua mãe. E nesta foto, como em todas as outras que tirei a mulheres espanholas, lidei antes que tudo com 5 ou 10 segundos de desconfiança. A desconfiança de quem necessita de me olhar com cuidado para perceber se aquilo que lhe digo faz ou não sentido. Porque ao contrário do que se pensa não sou eu que olho de alto a baixo aqueles que fotografo. São eles que me avaliam a mim, como ponderando se lhes faz sentido eu ter um blog, um blog onde publique imagens de pessoas que me dizem algo, um blog onde publique imagens de pessoas cuja aparência me atrai. Felizmente que não é Agosto e a temperatura não ronda os 40º. Felizmente que não estou de havaianas e t-shirt de alças. (Felizmente) que não me corre uma gotícula de suor na fronte. Porque talvez assim ela não acreditasse em mim. Porque parece ser a minha aparência cuidada que a faz deliberar consigo mesma “que esta diciendo la verdad”. Acaba por aceitar a sugestão com um sorriso. E tudo isto não foram mais que 10 segundos, os tais 5 a 10 segundos em que já lhes consigo ler a mente. Sugiro-lhe que dê uns passos para o lado – “el encuadramiento es importante” asseguro-lhe – e começo a fotografar. Falo-lhe enquanto disparo e dou-me conta que já deixou para trás das costas a hesitação que ainda há pouco a prendia. Já se esqueceu daqueles 10 segundos em que se entreteve a questionar quem raio era aquele português e quais as suas intenções. Mostro-lhe o resultado e grita-me “Qué chulo!!” enquanto me agarra o braço e balança o corpo para trás. E fá-lo já com os olhos rasgados, não por qualquer exotismo étnico mas pelo sorriso que os esmaga e lhes confere aquela forma. Despedimo-nos “encantados

Mas nem sempre acaba assim. E é aqui que Madrid cresce para mim. É aqui que Madrid me parece dizer “quédate por aquí”. É quando me fazem perguntas. Quando me acabam dizendo “dame tu numero”. Quando me escrevem no dia seguinte “hemos quedado para tomar algo en Calle Ponzano (…). Puedes venir con quien quieras!”. E dou por mim a arrebatar os gins tónicos que me privo de beber em Lisboa numa festa caseira para a qual fui convidado por alguém que me foi apresentado pela pessoa que fotografei de véspera. Eu e o Gonçalo trocamos impressões sobre financiamentos e projectos com um yuppie veterano que acabámos de conhecer. Estamos fascinados por aquele charme pós-40. “tu mujer es lindísima” dizemos-lhe a meio da conversa. “No passa nada...” que ele é inteligente o suficiente para distinguir um elogio duma provocação. E tudo isto começou porque alguém me despertou a atenção, alguém que gostaria de vos trazer aqui. Estamos por Salamanca mas alguém lembra que àquela hora a festa de máscaras que a Mercedes está a dar em Malasaña já deve estar ao rubro. Já nem estamos nas mãos de um madrileno. É uma parisiense ali migrada, amiga de alguém que nos foi apresentado entretanto, que nos guia pela cidade. Madrid é isto mesmo. E por isso mesmo custa-me sempre deixá-la. A Mercedes vive com um tipo que passa metade do ano em Miami. Confesso-lhe que a sua segunda cidade não me traz boas vibrações mas ele assegura-me num tom meio demente, enquanto aponta para uma Cleópatra pneumática que se passeia na sua sala, “te gustaria (R)osé, te gustaria!!”. No dia seguinte tenho números gravados de pessoas de quem não me lembro e dou conta de trocas de mensagens que, à luz do dia, não me fazem grande sentido. Para isto não preciso de ir a Madrid. Mas para conhecer 100 pessoas numa noite e ficar com o contacto de 20 talvez precise. A cidade não pára e quem lá está também não. Talvez uma estadia prolongada nos faça cair no vazio mas não consigo deixar de pensar para mim – esquecido que me faço deste tempo de abolição de privilégios e direitos adquiridos – se não deveríamos todos ter direito a viver ali durante uns meses. Uns meses que fossem, a porção necessária de tempo para podermos sentir o vento na cara sem que ele se tenha que fazer sentir. O vento criado pela sucessão de episódios e correspondente mudança de cenários que cada situação nos exige. Porque uma brisa na cara enquanto caminhamos na rua é porventura a sensação mais libertadora que conheço. Porque sempre que vou a Madrid consigo senti-la, até mesmo na calidez asfixiante daquele Verão continental. Até mesmo, meteorologicamente falando, na sua evidente inexistência. Porque sempre que vou a Madrid regresso de lá louco. Dou por mim a murmurar comigo mesmo “respira Zé...respira fundo”. Porque em Madrid, não dá tempo sequer para o fazer. Porque em Madrid, quando damos por terminada uma boa história para contar, já nos deparámos com uma outra e ao terceiro dia na cidade já se torna difícil recordar com exactidão o que raio nos aconteceu no primeiro. É frenética, e não parece parar nunca. Jamais. Porque se andas por Madrid e não te estás a divertir… Vai por mim, algo de mal se passa contigo

Já estou na Portela a ver se apanho um táxi e ainda insisto comigo mesmo “
respira Zé...respira fundo”. Serve-me de nada, não passou ainda tempo suficiente para que isso possa acontecer

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010